Caminhando na Graça

19.8.06

Se deixando ser limpo por Ele



Esses dias eu ouvi uma mensagem dum amigo e ele pediu pra abrirmos no salmo 51... e eu dei uma lida geral nesse salmo, E uma parte me saltou aos olhos... o versículo 7: “Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve”.

Se lermos o início do texto, vemos Davi reconhecendo suas falhas e seus pecados... aí ele chega nessa parte: purifica-me... lava-me; e isso me saltou aos olhos! Davi se reconhecia como ser pecador, não só em atos (pecados), mas em essência (“em pecado fui concebido”). Mas Davi não entra na neurose de se purificar... de fazer algo para encobrir ou pagar estes pecados... ele pede: Purifica-me, lava-me; no fim desse salmo, Davi fala que Deus não se agrada de sacrifício que não seja coração e espírito quebrantados... ele reconhece sua incapacidade em se “limpar”... ele sabia quem era e sabia que não podia “se resolver por si mesmo”... então ele pede: “purifica-me”.

Muitas vezes, quando constatamos nossos erros e falhas, tentamos nos purificar... através de jejuns, orações, obras na “casa do Senhor” (igreja)... queremos encobrir os erros com as boas obras, como se estivéssemos numa balança espiritual - e olha que já ouvi muito isso por aí - onde Deus coloca de um lado pecados e do outro, boas obras, e o lado que mais pesar mostra quem somos e nos justifica ou condena, mas Deus fala que não há um só homem justo na Terra, considerando esse parâmetro de análise; ou pensamos que Deus fica míope pelas obras, ou no mínimo releva: “Como esse cara orou 3 horas hoje, os pecados dele vão ser perdoados...”, e isso é o maior engano!... Os nossos pecados são perdoados não por méritos, mas por Graça! Daí Paulo dizer que onde abundou o pecado, superabundou a GRAÇA... ele não falou obras, orações, jejuns, mas Graça... a Graça é o único fator que pode encobrir os pecados aos olhos de Deus... é o sangue que nos purifica, de modo que Deus, ao nos olhar, vê sobre nós o sangue de seu filho, e é esse sangue... somente esse sangue... o fator que nos purifica.

Davi se reconhecia errado e pediu que Deus o livrasse do pecado, e o livrasse da neurose dos holocaustos, plantando nele a consciência de mais vale espíritos e coração quebrantados, e lançados na mão dele, do que bodes expiatórias de qualquer natureza, daí Paulo dizer para lançarmos as ansiedades – de todas as sortes, incluindo as ansiedades por se purificar e se justificar – nas mãos d”Ele.

Precisamos entender que só Ele nos purifica e justifica... nenhum ato ou obra o fará... não há obras que substituam a graça... até porque como o próprio nome diz, Graça é favor imerecido.... a Graça é dada de graça... e Davi diz no versículo 13: “Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e pecadores se converterão a ti.”... como que predizendo o “de graça recebeis, de graça dais”.... e o que nós recebemos de graça, é a Graça de Cristo.

Nada que façamos pode nos purificar... só a Graç,a através do sangue de Cristo, que nos purifica de todo o pecado... é o sangue que purifica... e não o sangue de qualquer bode expiatório, seja ele espiritual, existencial, psicológico, ou material (quando fazemos do outro o nosso bode e lhe mandamos carregar a culpa de nossos males) pode diminuir a nossa consciência de estar errado ou pode nos deixar menos sujos... nenhum bode expiatório pode pacificar a nossa consciência... só a graça, através da fé, que é a certeza da operação da Graça em nós, pode pacificar a nossa consciência... pode nos fazer descansar... pode nos fazer tomar posse do repouso do povo de Deus.

Deus não nos salva PELAS nossas boas obras, mas nos salva PARA as boas obras.





N’Ele e somente n’Ele para sempre

17.8.06

Aprendendo a descansar no Bom Pastor



O Senhor é o meu pastor e nada me faltará! Essa é uma das melhores convicções a ter... nada me faltará.

Davi quando fez esse salmo, falava de algo que ele conhecia muito bem, afinal ele era pastor de ovelhas e sabia o tratamento do pastor para com as ovelhas e a dependência das ovelhas em relação ao pastor. Então ele inicia o salmo com essa frase: O senhor é o meu pastor e nada ma faltará!!! E essa declaração é fruto de uma certeza tão grande de pertencimento, acolhimento e amor do pastor para com ele. E Davi começa a detalhar a sua vida de dependência do pastor.

Primeiro ele diz que o “Pastor-mor” lhe fazia deitar em pastos verdejantes e isso porque o pastor procurava os melhores pastos, os mais verdes para que nele ele pudesse deitar; o que nos mostra o cuidado de Deus em nos levar aos melhores lugares da terra, e isso não digo em relação a lugares geográficos, mas principalmente a lugares existenciais, interiores... ele nos conduz aos lugares onde podemos simplesmente nos deitar sabendo que estamos em pastos verdejantes; depois ele diz que ele o guia a águas tranqüilas, ou águas de descanso e que refrigera a sua alma, como que dizendo que em momentos de sofrimento circunstâncias, que acometem a todos (uma vez que todos sentem calor e necessitam de água para serem refrigerados), o pastor o guia, lhe indica o caminho de águas de tranqüilidade... nas circunstâncias, nos calores da vida que acometem a nossa alma, ele nos guia para um ambiente de tranqüilidade existencial... nos ensina a descansar apesar da tempestade no mar.

Depois Davi começa a falar de caminhos, veredas... ele diz que o pastor o guia em caminhos de justiça... e a justiça de Deus nem sempre (ou quase nunca) tem a ver com a justiça dos homens, a justiça do sistema que nos permeia; muitas vezes ser guiado pela justiça de Deus compete em deixar suas próprias justiças e as “justiças” impostas para viver na certeza de que Ele é o caminho de justiça sobre todas as justiças; ele o guia, aponta o caminho da justiça, e nós temos o direito de escolher se trilhamos por essas veredas ou não... sempre temos a nossa frente à opção dos caminhos... alguns que a princípio parecem bons, mas ao fim são caminhos de morte... além disso, vereda é um caminho estreito, o que requer total atenção no guia, pois qualquer pequeno desvio pode te tirar do caminho e te enveredar por outros caminhos, que não sendo Ele, são verdadeiros descaminhos; e ele diz que o pastor o guia nesse caminho de justiça por amor... e não por amor a ele (Davi), mas por amor a seu próprio nome... ele tem um nome a zelar, uma palavra a cumprir e não pode voltar atrás a ela... quando ele ama, não o faz por mérito do indivíduo ou simpatia exclusiva a uns e não a outros, mas o faz porque Ele é... e Sendo, não pode se negar.

Nesse ponto Davi começa a falar de situações e circunstâncias de perigos, onde parece que podemos ver a sombra da morte, como algo que está próximo... lugares onde temos diversos males a serem temidos... somos tentados a temer cada mal como sendo algo que em si traz a sombra, a projeção da morte... mas ele diz: Não temerei! Sendo tentado a temer ele toma uma postura de não temer... e não porque ele não tenha medo, mas ele não vai se prostrar, se entregar, reverenciar como sendo algo maior, nenhum mal que lhe sobrevenha, porque o Senhor-Pastor de todos os males está com ele, e isso basta para que ele tenha no mínimo duas certezas: Se Ele está comigo, sobreviverei a esse mal; Se ele está comigo, esse aparente mal, pode ser (e será) para aumentar a minha confiança e dependência dele, sendo assim, n’Ele, até os males vem para o bem. E ele fala que esse consolo - essa paz que habita o seu interior mesmo em momentos de ambiência de sombra de morte - advém da vara e do cajado do Bom Pastor; sendo a vara utilizada para impedir os desvios e o cajado para resgatar os desviados e colocá-los novamente na vereda a seguir; com isso Davi diz que apesar de percorrer ambientes de perigo e morte, o Pastor lhe guiava com a vara para que não houvessem desvios, mas mesmo se ele se desviasse, o cajado do Pastor lhe traria de volta ao curso a ser seguido... eu não devo sair do caminho, mas quando saio, ele - por amor a mim e ao seu nome, e isso não por méritos ou predileções, mas Graça - me traz de volta com seu cajado; e nesse caso ele como conhecedor da utilização da vara e cajado, também quer dizer que mesmo as "surras de amor" dadas, são para que retornemos ao caminho... que prossigamos para alcançar aquilo para o qual fomos alcançados.

Após falar sobre dependência e Graça, Davi fala sobre as honras advindas do pastor, que além de preparar uma mesa para ele, na presença dos seus inimigos, ainda ungia sua cabeça com óleo e lhe servia um cálice transbordante... Davi se sabia como um homem que tinham inimigos, pessoas que queriam o seu mal, mas o que ele desejava do Pastor era que, perante esses inimigos, ele fosse honrado com as honras do Senhor, porque ele sabia que mais do que o seu próprio bem, o seu inimigo queria o mal dele... e mais do que o seu próprio mal, o seu inimigo temia o bem dele, ou seja, um ser em inimizade faz do outro o centro da sua vida e coloca nele as suas expectativas de satisfação na desgraça do outro e não na sua própria graça.

Por fim, ele fala de uma certeza: bondade e misericórdia me seguirão sempre! E quando ele fala de bondade e misericórdia não fala que ele viveria uma vida onde só veria bondades e misericórdia a seu respeito... não fala que ele será seguido, procurado para ser alvo de bondade e misericórdia... Não!... e prova disto é que ele reconhece ter inimigos ao seu redor, que gozavam de ambientes comuns, de banquetes comuns, mas que eram seus “inimigos ocultos”... sobre a bondade e misericórdia lhe seguirem, Davi fala primeiro da certeza de que Deus lhe trataria assim: sempre com bondade - por mais que o bem pareça mal no primeiro instante - e misericórdia apesar de seus erros; e mais, ele fala também de sua postura para com os seus inimigos: bondade e misericórdia... após falar de inimigos ele diz que com certeza, bondade e misericórdia lhe seguiriam, como algo a ser praticado... e termina: e habitarei na casa do Senhor por longos dias... a forma de habitar a casa do Senhor é tratando o outro com bondade e misericórdia e o fazendo principalmente em relação aos inimigos, uma vez que só podemos amar ao senhor e nos relacionarmos com ele no próximo... a religião de Deus é serviço ao próximo... a forma de se religar a Deus está no próximo... a forma de habitar, não de visitar ou dar uma passada, mas habitar, morar na casa do Senhor por longos dias é : sendo alvo da bondade e misericórdia d’Ele e, transmitindo essa mesma bondade e misericórdia no outro... tratar ao outro como gostaríamos de ser tratados pelos outros e por Deus... ser perdoado na mesma medida em que perdoa... ser medido como mede os outros... e se temos consciência de quem somos e da infinita bondade e misericórdia, vindas de Deus que me seguem, mesmo que eu às vezes nem perceba, temos que tratar o outro dessa mesma forma e não por medo de ser tratado diferente por Deus, mas nos enxergando como sendo alvo dessa graça que vem de graça, sem méritos, só podemos ver o outro com os mesmos olhos com o qual nos vemos... se os teus olhos forem luz você distinguirá corretamente a si e aos outros... Mas se forem trevas, sem se enxergar, sem estar na luz que é cristo, QUÃO GRANDES TREVAS SERÃO?!!!





N’Ele.

8.8.06

O pai nosso como oração prática de cada dia


No texto de Mateus 5 a 7, vemos o sermão do monte. Esse momento acontece após Jesus chamar seus discípulos e começar suas andanças pregando, curando e tudo o mais; e como não podia ser diferente, as multidões vendo o que Jesus fazia, começaram a segui-lo sempre em maior número. Até que num dado momento, vendo Ele as multidões, subiu no monte; eles já haviam o visto curar, mas agora Jesus quer falar-lhes acerca das coisas que eles vivem cotidianamente. Após os milagres, Jesus podia aproveitar essa oportunidade para explicar seus milagres com todas as explicações quânticas e metafísicas possíveis... ou afirmar sua divindade como Filho de Deus... ou falar sobre qualquer outra coisa, mas Jesus opta por trazer tudo para o plano prático... pega as leis da época e começa a trazer para a prática cotidiana.

Assim, primeiro ele fala das bem-aventuranças, relacionando atitudes, comportamentos e motivações à forma como Deus as via, e qual seria a recompensa dos que de tal modo procederiam. E Jesus fala sobre as nossas atitudes em relação as circunstâncias que nos atingem: humildade, choro, mansidão; ele fala das nossas atitudes para com os outros: Justiça, misericórdia; fala da nossa condição com Deus: limpos de coração e pacificadores; e por último fala sobre o que os outros podem nos fazer: perseguição, injurias, calunia (mentira); e se pensarmos no contexto de político de exploração do povo na época, além dos contextos pessoais de cada um, vemos que ele falava de algo palpável e que permeava o dia-a-dia dos ouvintes.

A partir daí ele fala sobre a aplicação prática de ser sal e luz, e começa a trazer as leis a tona... e aí ele fala de contendas, adultério, juramentos, amor, esmolas e chega na oração, e sempre trazendo todas essas coisas para as aplicações práticas do dia-a-dia.

Desse modo, eu não só vejo o pai nosso como uma oração a ser feita, mas muito mais como um modo de viver a vida.

E acerca da oração primeiro ele desmistifica a oração e coloca-a no seu lugar de momento-individual do ser com Deus; fala sobre a exteriorização desnecessária desse relacionamento-oração como sendo fruto de hipocrisia e nos indica a viver esse relacionamento-oração com Deus nos ambientes que nos são íntimos, nos quartos não só físicos, mas nos “quartos do nosso ser”, na nossa intimidade; fala também das motivações que nos levam a orar e que influenciam a nossa forma de conduzir esse ato “interior-exterior”, dizendo que quando a nossa motivação é aprovação humana, pelo fato dos homens se impressionarem com as performances, nós recebemos nossa recompensa dos homens e nada além disso.

Depois Jesus fala sobre a neurose da oração como ritual. Eu já vi disputas de oração. Gente que queria orar melhor e mais bonito que os outros. Na maioria dos casos, o irmão que orava mais tempo, era visto como aquele que tinha mais intimidade com Deus; tinha mais “papo a bater” com Ele e por isso orava tanto, sem se dar conta das “vãs repetições” contidas na sua oração; e ele fala que quem procede deste modo, o faz pensando que se importunarem a Deus, ele os ouvirá... tal como os profetas de Baal no encontro com Elias... muito falaram mas nada aconteceram. E Jesus justifica a não-necessidade dessas repetições dizendo que o Pai sabe o que precisamos antes de abrirmos a boca: somos flagrantes constantes aos olhos d’Ele. E a partir daí ele começa a falar qual seria o modo de orar-viver:

Pai nosso que estás no céu, santificado seja o seu nome: viva a sua vida de modo a glorificar o nome do pai; e você glorifica a Deus na sua vida quando a luz que esta em você, gera, em você, bons frutos e esses frutos se tornam conhecidos não para sua glória, mas para glória de Deus; ou seja, quando o que é gerado em você através do Espírito não se atém só a você, mas alcança as pessoas ao redor, fazendo com que as boas obras dessa luz que está em você, seja conhecida pelos outros e gere glória a Deus (Mt.5.16).

Venha a nós o teu reino e seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu: viva tendo como prioridade o reino de Deus e sua vontade; e o reino de Deus não é igreja; nem comida e nem bebida; é paz, amor, justiça, e isso só pode ser manifestado no outro. A proposta do reino é que uma vez que o reino é colocado em nós (vem a nós), nosso desejo é cumprir a vontade de Deus, que se manifesta no amor ao próximo, pois como podemos dizer amarmos a Deus em vê-lo quando não amamos o próximo a quem vemos? E como diz o livro de Tiago no capítulo1, versículo 27: “ A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo.

O pão nosso de cada dia nos dá hoje: viva de modo a saber que Deus tem algo próprio a você, uma vez que ele fala do “pão nosso” e não de qualquer pão; Deus tem algo para você hoje, e por mais que nem sempre consigamos ver, cada dia traz algo novo para nós como forma de suprir a nossa necessidade básica; ele te dá hoje o que você necessita hoje, e quando pensamos que algo esta faltando hoje é porque não queremos viver o hoje que esta sendo proposto por Deus para ser vivido hoje, queremos viver hoje o amanhã, seja esse amanhã uma data específica ou uma aspiração futura; e a tentativa de viver hoje o amanhã ou viver o amanhã, hoje, é o que mais tem nos impedido de receber ou de, no mínimo, perceber a porção de hoje que Deus tem nos dado. Basta a cada dia o seu mal!

Perdoa as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores: Viva a vida tendo uma certeza: a medida com que medirdes o próximo, será a mesma usada para te medir; Deus nos trata como tratamos o outro; daí se queremos tratar bem a Deus (e por Ele sermos bem tratados), devemos tratar bem ao próximo; aqui Jesus fala sobre alguém que se reconhece em falta, e por isso necessita de perdão; e reconhecendo sua falta, vê no irmão o seu eu-outro, de modo que a única forma de tratá-lo é com a mesma misericórdia e perdão que tem recebido de Deus.

Não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal: Jesus não fala pra pedirmos pra não sermos tentados... ele fala sobre cair em tentação; tentados nós somos sempre, mas a graça de Deus nos capacita a não entrarmos nela, não cedermos, porque há uma certeza: aquele que entra em tentação e cede a ela, só tem um fruto a colher: mal.

Por fim, Jesus diz que existiam dois tipos de pessoas na multidão: os prudentes e os insensatos e ele dá um exemplo em que duas pessoas iriam construir uma casa, ambas as casas, sofreriam ventos, chuvas e etc, mas o fim delas seria diferente pela base que os seus construtores haveriam lhe dado. Deste modo, nós é que fazemos a escolha entre prudência e insensatez e essa escolha se dá quando, ao recebermos a palavra de Deus e seu ensinamento (casa), não o solidificamos (colocamos na rocha) através da prática existencial, mas optamos por não solidificar e coloca-lo num ambiente arenoso, onde qualquer vento espalha e fazendo com que tudo o que foi recebido se perca, ou no pior dos casos, nos dá a presunção de termos por um dia ter recebido, sem nos percebermos que, o que um dia tivemos, já foi levado pelo vento, e sendo assim, quão grande queda se dará!




N’Ele.

3.8.06

Senhor, quando?


Esses dias eu estava assistindo a um vídeo do Caio Fábio de apenas 10 minutos e que falava sobre o juízo final e os critérios que seriam considerados para salvação ou condenação. E o texto base para a explanação do Caio foi Mateus 25.31-46, que fala sobre a separação que haverá nesse grande dia entre povos, colocando cada um de um lado: uns para a direita e outros a esquerda; cada um ao lado que escolheu viver durante a vida.

E diz-se que nesse dia de juízo, aos da direita o Justo Juiz os chamará para possuírem algo que é deles desde sempre... um reino, o Reino... e como justificativa para esse convite a usufruir do Reino, ele fala sobre serviços, solidariedade, assistência ao próximo-necessitado; e as da esquerda, diz-se que ele os mandaria saírem de perto dele, com um destino que não era o deles – era o do diabo e dos seus anjos – mas que eles faziam jus a dividirem o mesmo “espaço”; e a justificativa para esse destino “não-deles” estava baseada mas mesmas circunstâncias dos “direitistas” (sem qualquer trocadilho político...rs).

Desse modo, ambos os grupos tiveram a oportunidade de fazer o bem ao outro, serem solidários, e se definiram por lados diferentes; nesse vídeo ouvi a melhor definição de inferno; o inferno antes de um lugar de fogo, enxofre e as demais figuras representativas conhecidas, é um lugar onde o ser egoísta vai poder viver o seu egoísmo pra sempre; o ser não solidário ao próximo vai poder viver para si eternamente.

Mas estive pensando acerca de outra questão desse “momento-fim da humanidade”. Em ambos os casos - tanto os “da direita”, quanto os “da esquerda” - ao serem informados sobre a sua atitude frente ao próximo e que justificava seu destino, ambos fizeram a mesma pergunta: Senhor, quando?... De modo que ambos ao vivenciarem as mesmas circunstâncias haviam tomado posturas diferentes e sem ao menos perceberem... e é aqui que quero chegar.

Os que não haviam sido solidários, não tinham nem notado que assim tinham procedido... nem sentiram... passaram de largo, como disse Jesus na parábola do bom samaritano; já os solidários haviam se solidarizado sem nem perceberem... simplesmente ajudaram; de modo que as circunstâncias e as oportunidades de servir ao próximo ocorrem sempre, mas a nossa opção por servir ou não, depende do que dentro de nós esta gerado.

O bom samaritano não estava numa missão a procura de homens espancados por salteadores em Jerusalém... ele não era do grupo de auxílio a pessoas feridas... não... ele simplesmente fez... sem perguntar... fez...e depois não quis nada em troca... o homem não precisou lhe pagar, ou trabalhar para ele, ou ao menos lhe agradecer, ou muito menos ir visitar sua igreja para retribuir o favor... ele simplesmente fez porque sabia o que devia ser feito... os “da direita” não começaram uma conversa saudosista com o juiz... não começaram a lembrar suas tantas obras e nem dizer: é verdade, lembra daquele caso? Ou daquele? Realmente fizemos... foi muito gratificante!... eles não entraram nessa nostálgica lembrança dos fatos como que exibindo isso como troféus de justiça-própria... eles fizeram “com a mão direita, sem que a esquerda o percebesse”

De modo que o serviço ao próximo deve ser feito não com suas aplicações institucionais e ministeriais, buscando reconhecimentos e recompensas, mas sim como um simples movimento do caminho... feito naturalmente... de modo que se perguntado depois, ou quando tais feitos forem lembrados o que saia da nossa boca seja um verdadeiro: Quando? Não porque tenhamos amnésia, mas porque o fizemos pelo que em nós está... naturalmente.

Espero mais que fazer ações de solidariedade, ser solidário!... ser, eis a questão!




N’Ele.

2.8.06

A tentação de se despedaçar no Caminho - gerando o pó da terra.





Esses dias eu estava lendo o salmo 41. E algumas coisas me chamaram atenção nesse salmo.




Nesse salmo Davi começa falando sobre o benefício daquele que ajuda ao mais necessitado (pobre), pois Deus o livrará, o guardará, ele será abençoado entre outras coisas; depois Davi começa a falar sobre a sua situação e ele pede misericórdia a Deus por ele, porque ele havia pecado (era pecador); depois começa a falar sobre a circunstância dos seus relacionamentos, e diz que na sua atual situação, de homem alcançado pelo mal, ele é assolado por diversas categorias de pessoas ao seu redor: os seus inimigos falavam mal dele, especulavam acerca de sua morte, e lhe tratavam com falsidade (v.5,6); os que o odiavam cochichavam sobre ele e ficam entre si pensando no lhe iria acontecer de pior, pensando nas possíveis catástrofes que lhe alcançariam, e tendo por certo que esse seria o fim dele; seu amigo íntimo havia lhe deixado só nestas circunstâncias. Depois disso Davi fala sobre a misericórdia de Deus, que o levanta para que ele possa retribuir aos outros o quem tem recebido e diz que a medida que ele tem de que Deus se deleita nele, é que seus inimigos não conseguem triunfar sobre ele; e termina dizendo: ”Quanto a mim, tu me sustentas na minha integridade, e me colocas diante da tua face para sempre.”

Davi conhecendo a Deus, conhecendo como Deus tratava aos solidários ao próximo - porque os que assim fazem, são solidários ao próprio Deus - e conhecendo a si mesmo como ser necessitado da misericórdia de Deus, diz que Deus o sustentava em sua integridade perante a Sua face; Deus o mantinha íntegro, inteiro, completo perante a Si mesmo,e isso de dava somente por misericórdia.

Então comecei a pensar em como somos tentados a nos dividir frente aos problemas que vivemos. Muitas vezes somos tentados a nos dividirmos em 10 para que possamos retribuir ou resolver os 10 problemas que estão a nossa frente; somos tentados a nos dividir psicologicamente em 10 seres, quase que distintos: um ser profissional, um ser na família, um ser eclesiástico, e por aí vai... Mas Davi, sendo tentado também por isso, preferiu se entregar por inteiro, se entregar íntegro a Deus, que ele sabia que o levantava para que ele pudesse enfrentar seus problemas da forma como eles mereciam ser enfrentados e tratados.

Tu levanta-me para que eu lhes retribua...e... me sustentas na minha integridade”, é o que diz Davi. Ele não se deixa dividir, mas se dá por completo a Deus, crendo que apenas um ser completo - e que só consegue essa integridade em Deus - pode dar a paga devida a cada circunstância que está ao seu redor; e se tratando dos relacionamentos ao seu redor, ele os pagaria segundo a misericórdia que tem recebido de Deus, daí ele começar dizendo que aquele que se solidariza como próximo, é abençoado por Deus, indicando qual a atitude que ele achava que deveria ser devotada ao próximo; falando sobre algo que Jesus falaria muito tempo depois: se alguém te bater numa face, dá a outra, falando da capacidade de em Deus amar ao próximo que se fez seu adversário na Terra; e disso temos como grande exemplo a Jó, que após ter seus amigos transformados em adversários pelos próprios egos deles, orou por eles, demonstrando que quem esta sob a graça de Deus, conhece muito bem a si e ve no outro suas próprias limitações e pode olhá-lo através do mesmo olhar de Graça que tem recebido de Deus; ele via, pela fé, que um dia estaria de pé e poderia dar a paga cada um dos que o rodeavam, e essa paga seria conforme a graça que tem recebido de Deus.

Além disso, Davi sabia que Deus não faria por ele, o que ele tem que fazer; ele não pede a Deus que retribua a seus amigos, que lhes dê misericórdia ou que os perdoe, uma vez que ele tem condição e teria oportunidade de dar essa paga. Muitas vezes somos alvo ou liberamos algo de mal a alguém e pedimos a Deus que perdoe o outro ou que toque no coração do outro para que lhe perdoe, quando a proposta de Deus é pegar o ser inteiro n'Ele, e levantá-lo, capacitando-o para retribuir convenientemente a cada circunstância.

Assim, peço que Deus me capacite a me entregar por inteiro - uma vez que Deus não recebe nada menos que tudo de mim - e não me dividir no Caminho; não deixar pedaços em cada circunstância que enfrento, porque ao me dividir e deixar pedaços pelo caminho, alimento o Diabo a meu favor, uma vez que ele se alimenta do pó da terra, dos pedaços que deixo nas minhas andanças pela vida.


Me entrego por inteiro - porque isso é o mínimo que Ele aceita - para que possa estar inteiro e de pé frente a tudo.



N'Ele


abençoado por Deus, indicando qual a atitude que ele achava que deveria ser devotada ao prde frentelemas que est, e

O QUE É A FÉ E COMO VIVEM AS SUAS TESTEMUNHAS? - Caio Fábio



O QUE É A FÉ E COMO VIVEM AS SUAS TESTEMUNHAS?

A fé é a firme fundação das coisas que nós esperamos, e carrega em-si-mesma a prova das coisas que não se vêem... pois nela tais coisas preexistem a si mesmas como coisas.

Foi por meio da fé que os homens da antiguidade alcançaram bom testemunho para si mesmos diante de Deus.

Tudo aquilo do que nós nos apropriamos sem o auxílio dos sentidos, é fé.

Por isto é que entendemos que todos os mundos foram criados pela Palavra de Deus; de modo que aquilo que chamamos de visível foi feito daquilo que não está disponível aos sentidos.

É a fé que estabelece a verdade das coisas diante de Deus.

Sabemos isto desde o princípio, pois, foi pela fé que Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício que Caim.

E foi também por meio da fé que Abel alcançou o testemunho de que era justo, pois, a fé dava verdadeiro significado às suas oferendas.

Foi ainda por causa da fé que Abel, mesmo estando morto, ainda fala hoje.

A fé imerge o homem num ambiente onde tudo é possível, sobretudo, porque a comunhão com Deus, faz supressão definitiva de todas as categorias ligadas ao domínio do possível ou do impossível.

Por esta razão da fé é que sabemos que Enoque foi trasladado para não ver a morte; e não foi achado, porque Deus o trasladara; pois antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus por meio da fé.

Enfim, sem fé é impossível agradar a Deus.

Deus tem que ser visto como Aquele que existe, e que é galardoador dos que o buscam. E isto, só acontece se houver fé. Pois sem fé, quem esperaria galardão do que não existe? Ou ser premiado por alguém a quem não se vê?

Os maiores marcos da História Universal aconteceram por meio da fé.

O mundo da antiguidade foi afogado nas águas do Dilúvio. Começou um novo mundo. Mas quem passou do antigo mundo para o novo, o fez por meio da fé.

Assim foi que pela fé, Noé, divinamente avisado pela voz de Deus acerca das coisas que ainda não se viam como fato ou sequer como possibilidade, sendo temente a Deus, preparou uma arca para o salvamento da sua família.

A fé que salvou a Noé foi a mesma que condenou o mundo antigo.

Desse modo, o homem que passou de uma era para a outra, e tornou-se herdeiro da justiça que preservou a humanidade, obteve o seu próprio futuro e também o nosso, por meio da fé.

A fé se fez História.

Foi por meio da fé que onde não havia nenhuma história para a percepção dos homens, Deus estava fazendo a História, a qual a história humana não reconhecia, enquanto ela acontecia.

A História de Deus com os homens acontece primeiro no coração, onde é a residência da fé.

Foi pela fé que Abraão, um total desconhecido, sendo chamado por Deus, obedeceu; saindo para um lugar que havia de receber por herança; e partiu sem saber para onde ia.

Ninguém sabia dele, senão somente Deus!

Pela fé Abraão peregrinou pelo chão da terra como quem anda sobre a promessa; vivia como em terra alheia no chão que, pela fé, ele sabia que já era seu, sendo, ironicamente o dono daquilo que ainda não podia possuir; habitando em tendas com Isaque e Jacó, seus descendentes, e herdeiros com ele da mesma promessa...

De fato, Abraão esperava a cidade que tem Fundamentos, da qual o arquiteto e edificador é o próprio Deus.

Foi também pela fé que a própria Sara, sua mulher, recebeu a virtude de conceber um filho, mesmo que totalmente fora da idade.

Isto porque ela creu que Aquele que lhe havia feito a promessa de gerar um filho, era Deus fiel para cumprir o prometido.

A fé é pura ironia...

Afinal, é de Abraão, um velho amortecido em sua potencia masculina, que descenderam tantos filhos...em multidão...como as estrelas do céu...e como a areia inumerável que está na praia do mar!

A fé é a esperança que ousa declarar-se e viver com as conseqüências da confissão!

Ela se contenta na certeza de que aquilo que ainda não se materializou ou se realizou, todavia, já é.

Desse modo é que todos acerca dos quais falamos, morreram na fé, sem terem, entretanto, alcançado a materialização histórica das promessas a eles feita por Deus.

Eles, todavia, viram a realização das promessas com os olhos da fé, tendo acenado para elas mesmo que de longe, pois, sabiam que nenhuma promessa se totaliza na Terra. Eles, pois, viam-se e confessavam-se estrangeiros e peregrinos na Terra.

Daí o tratarem a imaterialização plena do prometido, com tanta paz e serenidade: eles aguardavam a materialização de tudo nos ambientes onde a matéria é feita daquilo que não se corrompe.

Isto porque quem age como um peregrino—um hebreu—, demonstra estar buscando uma outra pátria.

E esse tal, só não anda direto para a sua pátria final por não lembrar daquilo que já sabe. Pois, se na verdade se lembrasse daquela pátria de onde saiu, voltaria para ela imediatamente.

Esta é a estranheza...

Os homens mais cheios de fé e os mais esperançosos que já viveram na Terra, não tinham aqui o fundamento de suas esperanças finais.

Ao contrário, eles sempre desejaram uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial.

Esta é a razão de Deus também não se envergonhar deles—e a prova disto está no fato Dele se deixar chamar de Deus por eles e para eles.

E ainda mais: o próprio Deus já lhes preparou uma cidade, visto que eles confiaram a Deus a construção de sua pousada eterna.

A fé é incompreensível...

De que outro modo poderíamos olhar o drama paterno de Abraão, sem nos escandalizarmos?

Foi exclusivamente pela fé que Abraão, sendo provado por Deus, num convite a loucura e a violação de todos os seus instintos, ainda assim ofereceu Isaque, seu filho, ao próprio Deus!

Sim! ia mesmo oferecendo o seu único filho, aquele filho que era o objeto das promessas, e acerca de quem se havia dito: Em Isaque será chamada a tua descendência...

Sim! julgando que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar, levou-o para ser sacrificado.

Deus não o permitiu.

Mas viu que no coração de Abraão, Isaque havia sido oferecido, e, portanto, era como se tivesse sido imolado e morrido. Daí foi que também, ainda que figuradamente, Abraão recobrou seu filho de dentro da própria morte, como na ressurreição dos mortos.

A fé carrega em si a semente da ressurreição!

Pela fé Isaque abençoou seus filhos Jacó e a Esaú, no tocante às coisas futuras, e que se tornaram tão reais e efetivas que fazem ainda hoje parte de nosso presente.

A fé fala do futuro. Foi por esta razão de fé que Jacó, quando estava para morrer, abençoou cada um dos filhos de José, e adorou a Deus, inclinado sobre a extremidade do seu cajado.

Ele andara pela fé, o cajado apenas se sustentara em razão da fé que levou Jacó a adorar a Deus pelo passado, pelo presente e pelo futuro.

A fé se projeta de tal modo como certeza e confiança para o futuro, que, pela fé, José, bisneto de Abraão, estando próximo da morte, afirmou que os filhos de Israel sairiam do Egito num Êxodo.
E em razão disto é que deu ordem acerca de seus próprios ossos, afirmando que desejava que fossem levados de volta para a terra da promessa.

A fé invade o ser humano de tal modo, que ele fica possuído com a certeza do conhecimento Daquele fez as promessas. Daí ser também sempre acompanhada por maravilhas.

E não somente isto, a fé se mostra também como inexplicável desígnio.

A vida de Moisés nos mostra isto.
Ele era menino numa terra e numa hora em que todos os meninos de seu povo eram mortos ao nascer. Mas foi pela fé que os seus pais, logo após o seu nascimento, ao verem-no, decidiram escondê-lo.

Ele mamou e viveu escondido por seus pais durante três meses, porque viram que ele era um menino formoso.

A fé também se serve da formosura. Por isto, tomados de fé, os pais de Moisés não temeram e; desobedeceram ao decreto do rei.

Foi a fé que fez Moisés, sendo já homem, decidir recusar ser chamado filho da filha de Faraó. Foi também pela fé que ele decidiu comungar a dor de seu povo, ser com ele maltratado como o povo de Deus, antes que entregar-se no Tempo, ao gozo do pecado de não ser quem sabia que era.

E entendeu isto quando, considerando todas as riquezas do Egito, viu-as como incomparavelmente menores que a Graça da riqueza de ser parte do opróbrio de Cristo.

E seguiu com o povo de Deus porque tinha em vista a recompensa.

Foi por isto que se deixou constranger por Deus a fim de liderar o povo nos dias daquela peregrinação.

A fé tira o medo, pois foi pela fé que Moisés deixou o Egito, não temendo a ira do rei.

Ele não temeu porque a fé o fez vê firmemente Aquele que é Invisível.
A fé promove confiança no amor de Deus. Foi por essa razão que pela fé Moisés celebrou a páscoa e a aspersão do sangue sobre as casas dos hebreus, para que o destruidor dos primogênitos não lhes tocasse, enquanto morriam todos os demais primogênitos na terra do Egito.

A fé vê caminhos onde não há caminhos. Por isto é que os israelitas atravessaram o Mar Vermelho, como quem caminha por terra seca. Mas os egípcios tentaram imitá-los fazendo o mesmo caminho, e foram afogados.

A fé não se preocupa com fraqueza, mas com certeza.

Ou não lembram que foi pela fé que caíram os muros de Jericó, depois de rodeados por sete dias?

Ou também não foi a fé que fez Raabe, a meretriz, decidir acolher em paz aos espias de Israel, e se associar a eles, tendo sido desobediente e traidora aos olhos dos seus, mas justificada em fé junto com o povo de Deus?

E que mais direi?

Me faltará o tempo, se eu contar de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas...
Todos eles, por meio da fé, venceram reinos, praticaram o que sabiam ser a justiça, alcançaram promessas, fecharam a boca dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram forças, tornaram-se poderosos na guerra, puseram em fuga exércitos estrangeiros!

Houve mulheres que pela fé receberam de volta à vida, como Graça da Ressurreição, os seus queridos que estavam mortos!

A fé também não conhece adversativas e nem adversidades que sejam maiores do que ela. Por esta razão, enquanto uns venciam diante de Deus e dos homens, outros venciam em profunda solidão, sendo vistos em sua justiça e verdade, somente pelos olhos de Deus.

Assim, uns foram torturados, não aceitando negociar seu próprio livramento violando qualquer condição de consciência, porque criam que haveriam de alcançar uma melhor ressurreição.

Houve outros que experimentaram escárnios e açoites. E houve muitos que conheceram o interior frio e abandonado de cadeias e prisões!

E que dizer dos que foram apedrejados?

E o que falar dos que foram terrivelmente tentados?

Ou deveríamos mencionar os que foram serrados ao meio?

Ou, quem sabe, os que morreram ao fio da espada?

Ou deveríamos mencionar os que andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados?

Saiba-se isto: eles eram os homens dos quais o mundo não era digno!

Lá iam eles andando em fé, errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra!

E o mundo não os via...

A fé, entretanto, não se basta a si mesma. Ela encontra sua abastança absoluta não em si mesma, mas fora de si mesma. Ela realiza o impossível, só não realiza o impossível de se satisfazer em si mesma.

Por isto é que todos acerca dos quais falamos, embora tendo recebido bom testemunho pela fé que tiveram, contudo não alcançaram a materialização da promessa em sua época.

E a razão é que Deus preparara algo muito melhor para nós, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.

A fé irmana a todos os seus filhos, e os faz verem-se como irmãos, andando no mesmo caminho, vivendo vidas diferentes e em tempos diversos, mas os faz verem-se, acima de tudo, como sendo todos beneficiários do mesmo Deus e da mesma Graça; uns de um modo, outros de outro; uns sendo vistos, outros nem sendo percebidos; alguns recebendo galardão celeste enquanto conseguem vitórias entre os homens; outros, todavia, andam em profunda solidão, sem serem vistos por ninguém, mas sem desviarem-se do caminho, pois sabem que andam pela fé, e que nisto está sua justiça.

Assim diz o Senhor: o meu justo viverá pela fé, e se retroceder, nele não está o meu coração!

O que acerca dos que crêem, todavia, Ele diz é assim: Vão indo de fé em fé, cada um deles aparece diante de mim e verão a minha face!

E assim, todos nós, com o rosto descoberto seguimos caminhando em fé, vendo a Glória de Cristo—ainda que em meros reflexos—, e somos a cada dia transformados em Sua própria semelhança, sendo esta a incessante obra do Espírito Santo em nós!



Baseado em Hebreus 11; paráfrase de Caio em 2003.