Caminhando na Graça

5.12.08

Pra que serve o Evangelho?

Hoje a noite estava em casa vendo tv e vi uma notícia q me chamou a atenção: um grupo de detentos de um presídio não lembro aonde decidiram fazer um dia de jejum… o objetivo é que o alimento não utilizado nesse dia de Jejum fosse doado às pessoas desabrigadas de Santa Catarina. Vendo isso pensei em como as coisas são.. como as aparências enganam… as pessoas que são vistas como miseráveis, bandidos, marginais, assassinos, escória da sociedade, nesse momento de catástrofe, se mostraram mais solidárias do q muitos de nós (nos quais eu me incluo)… pessoas q segundo alguns mereciam morrer, se mostraram mais dignas da vida do q muitas de nós, por usarem suas vidas para prestar assistência a quem precisa mais. E por que isso?… talvez pq a circunstância que os envolve sirva pra forçá-los a entrar em contato consigo… percebam o quão necessitados de misericórdia são… percebam são seres sociais e q pra ter uma vida q faça sentido, ela só pode ocorrer com a interação com o próximo.

Com isso me peguei pensando no potencial “ser solidário” que existe dentro de nós e no potencial egoísta q temos dentro… Jesus sempre apontou pra essas dualidades e dicotomias q temos dentro… falando sobre morte e vida, salvação e perdição, luz e trevas… Ele sabe que nós trazemos dentro, elementos q podem nos transformar em “Madres Teresas de Calcutá” ou em “Nardonis”… somos um oceano de infinitas possibilidades… e o q nos faz ser uma coisa ou outra? Na minha opinião, acho que a Vida… entenda como vida, nossa criação, nosso conjunto de relações (familiares, amizades, companheiros de trabalho, escola e etc), nossas experiências (produto de nossos relacionamentos com pessoas e circunstâncias)… esse conjunto de coisas formam nossa vida… e é essa vida q nos faz ser quem somos.

Não que amizades ou famílias digam exatamente quem somos… mas elas nos fornecem experiência e ensinamentos que nos possibilitam escolhas: posso escolher ser igual a eles ou ser diferente… ser eu… é por isso q muitos filhos de assassinos não o são, pq as experiências e ensinamentos q tiveram, os mostraram q não é bom ser assassino.

Você deve estar se perguntando: onde ele quer chegar?

Quero falar sobre nossos instintos humanos e o quanto a mensagem do evangelho pode influenciá-los.

Que nós temos potencial para sermos qualquer coisa disso já sabemos… mas pq fazemos determinadas escolhas? pq escolhemos ser mais solidários ou mais egoístas?

Essas escolhas são patrocinadas pela medida de contato q temos conosco… quanto menos nos conhecemos, mais somos egoístas, pq não conhecendo nossas limitações e dependências, achamos que somos hiper-especiais e que o mundo deve girar ao nosso redor… por outro lado, quanto mais nos conhecemos, percemos q somos extremamente necessitados do outro e isso nos torna mais solidários… nesse ponto é que entra o evangelho.

Jesus embora fosse um judeu religioso, não promoveu religião… ele promovia valores que postos em prática, nos tornam pessoas melhores… mostrava através de milagres e serviço que devemos prestar assistência aos mais pobres e desafortunados… q uma vida digna, inclui o outro… q um projeto de vida de sucesso, tem o outro como parte extremamente importante, ja que só com o contato com o outro somos plenificados, pq vendo o outro, vemos a nós mesmos e enxergando suas limitações, vislumbramos nossas fraquezas e alimentamos nossa solidariedade com esse “outro-eu”.

Se o evangelho não serve pra nos colocar em contato com quem somos, ele não serve pra nada… um evangelho q só serve pra nos mostrar a divindade a quem solicitar nossos desejos egoístas é só mais uma religião no sentido mais pejorativo possível… uma boa nova q de boa não tem nada a não ser aquilo q diga respeito à satisfação de nossos desejos mais egoístas e q de nova num tem nada pq buscar desejos individuais sempre foi o objetivo do ser humano, vide o caos em q estamos, é na verdade uma tolice velha…

Se o evangelho não serve para nos apontar na direção da escolha pela solidariedade, se torna só mais uma forma de saciar nossos desejos pessoais, como nosso emprego e patrimonio… uma filosofia religiosa que não incentiva o bem comunitário ao invés do bem pessoal é apenas mais um negócio onde clientes ávidos por satisfazer necessidades buscam formas para isso pagando um preço viável: orações, cultos, ajuntamentos, ofertas, assiduidade, paticipação em atividades do templo, submissão aos detentores do conhecimento q me possibilita satisfazer minhas necessidades e etc… é só mais um sistema de barganha.

Se o evangelho não serve pra gerar bem comunitário é só mais uma “herbalife religiosa”, onde todo mundo diz q esta se ajudando mas na verdade um quer os clientes do outro e a grana do outro… um quer o q o outro tem, e q o motiva a frequência nos templos é a crença de q se Deus fez tal coisa por fulano, vai fazer por mim tbm.

O evangelho, pra mim, é o conhecimento-conteúdo de informações q me capacita a entrar em contato comigo mesmo e com isso ser melhor pra mim e pro próximo… pq buscar um bom relacionamento com Deus sem buscá-lo tbm com o próximo, é uma tentativa picareta de enrolar a Deus, declarando q Deus q está longe e q pode me oferecer algo material, eu consigo suportar, mas o cara chato q só sabe me pedir e fica no meu pé todo dia, quero mais é q se dane… por isso, a todos q pediam pra ser discípulos de Jesus, ele falava pra negar-se (deixar o egosímo, os desejos individualistas), tomar sua cruz (reconhecer suas privações e incapacidades) e seguí-lo, demonstrando que antes de seguirmos a Ele, temos q ter esse encontro com o q somos dentro e q não há como encontrá-lo sem nos encontrarmos.

Confesso q estou cansado do “evangelho das igrejas evangélicas”, q só apresentam Deus como barganhador de benções… um Deus q implora e mendiga nossa atenção, oração e louvores e nos dá bençãos em troca disso; um evangelho q só serve pra nos transformar em “raça eleita”, “povo santo”, “geração escolhida”, no discurso mais elitista e exclusivista possível, afinal nós somos “filhos do rei” e os ímpios (leia-se não crentes) são apenas “criaturas”, são mundanos, dignos de nossa pena e orações maquiadas de solidariedade mas q na verdade são hipócritas e buscam o status de parecer alguem q se preocupa com os outros. Esse evangelho não quero mais… se isso é ser evangélico, declaro aqui publicamente, que não sou mais evangélico… não tenho parte com o q estão fazendo por aí com o nome de evangelho… tenho um nome a zelar e não quero vê-lo junto das imundícies e excrementos produzidos pelo que se dizem evangélicos mas q são camuflados  com “perfume francês” religioso, característico daqueles q não tomam banho mas usam o perfume pra enganar trouxa.

Isso pode parecer chocante ou exagerado mas é assim mesmo q tem q ser… afinal, Paulo chamava o evangelho de “escândalo da cruz”… e o q de escandaloso ainda sobra ao evangelho q vemos?… acho q o único escandalo são os dólares da bíblia, as mansões com direito a réplica do jardim de Jerusalem, os patrimonios gigantescos do líderes evangélicos… o escandalo caracterizado pela subversão de valores, onde os q tem nada tem se não compartilham o q tem, e os q não tem, apesar de hostilizados diariamente, são os beneficiários diretos do reino dos céus… escandalo q prega q todos estão destituídos da glória de Deus por pecarem, mas q o sangue de Cristo e sua vida de sacrificio e servidão, pagaram essa dívida cósmica e nos possibilitam liberdade das cadeias q nos prendiam. Esse é o escandalo q deve marcar o evangelho e se assim não o é mais, ou o atual evangelho deixou de ser Evangelho ou evangélicos esqueceram o q é o Evangelho mas mantêm a nomenclatura pq isso lhes beneficia de alguma forma… mas pra mim, só busco no evangelho, o benefício q advem da Cruz, q me redime e reconecta a Deus.. todo benefício diferente desse é malefício travestido de bem.

Espero que um dia os q se dizem evangélicos conheçam o Evangelho e vejam q sua utilidade se dá no serviço ao próximo, afinal Tiago fala no primeiro capítulo de sua carta que o q ouve o evangelho e não o pratica, é como alguém q se vê no espelho, contempla sua imagem, mas logo ao sair do espelho esquece sua aparência, e mais, que a religião (religação) a Deus é prestar a assistência aos órfãos e viúvas e não se corromper com o sistema do mundo… que o evangelho não sirva apenas pra nos permitir rompantes de contato com quem somos q logo são esquecidos quando somos expostos ao q existe fora de nós, mas que nos aproxime da Luz que vindo ao mundo iluminou e ilumina a todos os homens, na medida em que mostra quem nós somos e produz em nós a necessidade de ser com alguém, pq nem Jesus, a encarnação de Deus, “foi” sozinho.

24.11.08

Acerca da Fé

Depois da palavra de que ouvi ontem de manhã sobre fé, fiquei pensando sobre isso e resolvi fazer umas considerações por aqui... compartilhar meu ponto de vista acerca da fé.

Do momento em que pensei em escrever e o momento atual quando inicio a escrever de fato, ocorreu um período de leituras, buscas e conversas... um período de comparações, teses, antíteses... e felizmente, aquele q busca, acaba por encontrar o seu objeto de atenção.

Porém, pensar em fé é demasiadamente complexo por vários fatores...

1. Não se tem unanimidade acerca do q seja fé, até pq fé é algo abstrato e de certa forma pessoal, o que implica em dizer q qualquer definição de fé está equivocada se for apresentada como definição comunitária e não de um indivíduo, e é tão mutável como mutável é o ser que a apresentou;

2. Embora existam textos bíblicos sobre o que seja fé principalmente nas cartas de Paulo, não temos como saber o q ele queria dizer com algumas afirmações, sem contar com os possíveis tropeços de tradução e interpretação dos escritos originais para o latim e depois pra língua portuguesa, o q nos força a sempre apelar pra alguns elementos de análise pessoal e nos faz voltar à primeira questão. 

3. Existem vários "tipos" de fé; várias classificações... sob o ponto de vista jurídico, religioso, existencial... então falar de fé considerando todas as vertentes possíveis exige um esforço absurdo e demanda tempo e atenção muito grande; 

Sendo assim, vou tentar falar de fé sob o ponto de vista religioso e mais especificamente cristão, tendo Paulo como base pras minhas elocubrações.

Primeiro, Paulo na carta aos romanos no capítulo 10, fala sobre a necessidade de crermos em Cristo como reconciliador do mundo à Deus e como forma de vencermos a lei (ou o cumprimento de regras mecanicamente) e abraçarmos a Graça de que em Cristo todos foram justificados e religados a Deus por meio da fé que Cristo é o filho de Deus e Salvador, livrando não apenas do inferno ou condenações eternas, mas também de toda confusão da vida q nos põe no limbo de estar ou não salvo na medida em que tropeçamos na vida; a fé que nos possibilita acreditar que Jesus é o q Ele diz ser, nos possibilita sair do purgatório existencial e crer que sendo Ele o que diz ser, eu estou justificado, não por meus méritos mas porque a proposta d’Ele enquanto Deus-homem e Homem-Deus é esta: redimir por seu sacrifício todo aquele que crer que tal sacrifício tem poder redentor, e todo aquele que o invocar como salvador, alcançará tal graça.

Mas Paulo fala que pra que creiamos nisso, precisamos primeiro tomar conhecimento de tal verdade, pois como é possível invocar o q não cremos? E como é possível crer em quem não conhecemos e não ouvimos?... Por outro lado, é impossível ouvir se não há quem fale-viva-pregue o q se pretende passar, não atendendo e atentando à proposta do evangelho, que é sair pra fora e perpassar a boa nova de Cristo como salvador e redentor... até q ele chega a dizer que  “a fé É pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Cristo”.

O que Paulo quis dizer com essa frase: “a fé É pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Cristo”?

Pra mim, o que ele quis dizer é que só podemos crer naquilo em que ouvimos falar de alguma forma, e se tratando da fé em Cristo, ela só pode estar baseada em ouvir coisas que dizem respeito a Ele... nada mais óbvio... não vamos crer em Jesus ouvindo falar sobre Maomé... (a não ser que ja conheçamos Jesus e façamos comparações entre eles e essas comparações reforcem nossa crença em Jesus... mas partindo do príncipio que não se conhece ninguém, só posso crer em alguem quando ouço alguma coisa a respeito dele). A fé passa a existir como tal, no momento em que eu ouço algo que pode basear tal fé, trazendo-a a existência em mim e pra mim, por isso, a fé É pelo ouvir... é o ouvir acerca de algo que traz a fé naquilo à existência.

“Quando nós tomamos posse da fé, quando alegamos sermos proprietários dela, naturalmente estamos pensando que podemos dispor dela do modo que desejarmos. A única coisa que temos o direito de dizer é “a fé me tem”. Todo o resto é mera crença.” (Paulo Brabo)

Isto posto, tiramos a fé de um campo metafísico e transcendental e trazemos para um campo prático, onde o que alimenta minha fé, é obter conteúdo relevante relacionado à esta fé... gerar crescimento pra minha fé em Deus, passa por buscar fontes e argumentos acerca d’Ele q por me fornecerem maior base, reforçam a minha fé, tornando-a mais clara, lúcida e prática, daí a necessidade da busca do conhecimento e de conteúdo de qualidade pra abastecer meus “depósitos de fé”. E esse conhecimento não necessariamente precisa convergir com minhas atuais teses e argumentos; na verdade, ser confrontado por argumentos contrários aos meus, me obrigada a repensar minha fé e buscar mais argumentos, que como consequência, fortalecem a minha fé ou ajudam a remoldá-la.

Kardec dizia que:

"Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da Humanidade".

Jung já dizia que:

"O homem que apenas crê e não procura refletir esquece-se de que é alguém constantemente exposto à dúvida, seu mais íntimo inimigo, pois onde a fé cega domina, ali também a dúvida está sempre à espreita. Para o homem que pensa, porém, a dúvida é sempre bem recebida, pois ela lhe serve de preciosíssimo degrau para um conhecimento mais perfeito e mais seguro."

 De fato, o que fortalece a fé, é a capacidade de ouvir sempre, e apesar de sempre ouvir, nunca transformar essa fé em crença; pq crença é quando de tanto ouvir, eu já abraço determinadas teorias e teses e passo a crer nelas, excluindo a necessidade da fé, já que acho q não preciso ouvir nada sobre aquelas questões porque já tenho as minhas crenças acerca daquilo; nesse caso, a crença é inimiga da fé, pq gera convicções q tapam nossos ouvidos pras novas informações geradoras da fé, fé essa q é baseada num relacionado e num ouvir de Deus, sempre aberto e disposto a Ele. Fé pressupõe descansar em Deus e esperar d’Ele a provisão que necessito, não que eu mesmo não precise fazer nada e possa me acomodar, mas é q mesmo que o q eu faço não gera resultados legais, devo crer n’Ele e ouvir d’Ele as palavras que me possibilitam crer no melhor a despeito das circunstâncias.

“Quem é este, que até mesmo o vento e o mar obedecem? (Marcos 4.41). Essa é uma pergunta da fé. Para a crença as coisas são simples: Deus é Todo-Poderoso. Com a crença nós normalizamos Deus, para que possamos nos sentir confortáveis diante do seu poder. Apenas a fé é capaz de apreciar a imensidão de Deus e a sua verdadeira natureza“. (BLOG Bacia das almas)

 


Agora vamos pensar acerca do texto da carta de Paulo aos Hebreus no capítulo 11. 

Paulo começa falando que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não vemos e depois começa a falar das coisas que foram viabilizadas pela fé... bom testemunho, entendimento, justificação, livramento da morte, visão do q está por vir, obediência, esperança, conquistas, solidariedade, justiça... e entre essas coisas fala que sem a fé é impossível agradar a Deus, uma vez que pra que se achegue a Ele e o agrade, é preciso crer primeiro que Ele existe e tem uma recompensa pra os que o buscam, recompensa essa que antes de qualquer conquista ou vitória humana, é o conhecimento acerca d’Ele mesmo, que deve ser a principal motivação de tal busca... muita gente lê somente as histórias de conquista e vitórias aparentes, ressaltando como a fé é viabilizadora de conquistas e q a nossa fé em ação nos torna vencedores, e sempre considerando questões materiais e humanas. Mas Paulo continua falando da fé, só que agora acerca de açoites, injúrias, cadeias, apedrejamentos, morte, necessidades, maltratos...

Ele quer dizer que os q alcançaram açoites e cadeias não tiveram fé o bastante? Que esses foram os derrotados que não colocaram a fé em ação da forma certa e por isso não foram vitoriosos? Que esses eram pobre coitados que mereciam ser mencionados para que saibamos como não proceder e quais as consequência de não termos uma fé firme?

Não... Paulo trata os “vitoriosos” e “perdedores” aparentemente, de forma igualitária... na verdade, acerca dos tais “perdedores” ele diz o mundo não era digno deles, pq aceitaram ser vistos como perdedores por acreditarem que a vitória nem sempre tem aparência de vitória, mas está sempre relacionada ao cumprimento da missão proposta, no caso, pregar Cristo como filho de Deus e redentor da humanidade.

Isso me mostra que a fé, mais do que focada nas vitórias e conquistas, nas curas e prosperidade, casas e carros, empregos e famílias felizes, deve estar direcionada a Deus, em crer q Ele tem controle sobre as minhas circunstâncias, que Ele sabe o que é bem e bom pra mim, que os planos d’Ele a meu respeito são de bem e paz... isso me possibilita ser grato nas aparentes vitórias mas tbm nas aparentes derrotas e tira o meu foco da situação atual e põe meu foco no q está por vir, não como fuga das minhas situações adversas, mas como vivência hoje da paz proporcionada pelas conquistas e bens que ainda não são fisicamente mas que são hoje pela fé, mesmo que o meu hoje não seja bem, pq creio q Ele, em quem eu deposito minha fé, tem por fim promover bem em mim e pra mim. E é isso que diferencia fé e pensamento possitivo... porque se por um lado o pensamento positivo me faz viver crendo q o futuro será bom, que alcançarei, conquistarei, serei curado e etc, a fé me possibilita viver hoje as consequências dessas mesmas coisas mesmo q eles ainda não estejam estebelecidas... dessa forma, ao invés de ter pensamento positivo que serei curado, com a fé, a despeito de ja estar curado “formalmente”, vivo como se já o estivesse, uma vez que a fé me possibilita apropriar-se hoje de uma circunstância que ainda não é materialmente, mas que é pela fé, já que a fé passa a ser hoje o firme fundamento (base) daquilo que não tem bases formais e materiais, e por isso posso viver não por ser realidade, mas pq É na fé e pela fé.

“Fé é assumir riscos, deixar para trás segurança e tranqüilidade, desprezar garantias: é pisar, como o discípulo, para fora do barco no mar da Galiléia. Se vivemos pela fé, não há necessidade de implorar que ele nos salve do perigo. Torna-se suficiente saber que ele está ali, mesmo que o perigo se mostre mortal; o que quer que o amor de Deus queira fazer ou esteja fazendo em nós será feito, não importa o quê.” (BLOG Bacia das almas)

 

Peguei num fórum na internet uma “definição” de fé que achei interessante:

"A fé é o substituto do saber para situaçoes em que o saber não tem condiçoes de ser adquirido. Em poucas palavras, se não tenho como ter certeza de uma coisa, tenho que usar da fé. Essa fé ajuda o indivíduo a vislumbrar horizontes além do conhecimento. No entanto ela deve dar lugar ao saber a cada passo que este dá. Ou seja, uma vez se provou a veracidade ou a falsidade de algo em que se tinha fé, ela não tem mais utilidade quanto àquela questão, e deve ser abandonada, a não ser que ser que a minha fé que tem Deus como fonte, me dê base para crer em algo diferente do que foi provado" (esse trecho é inserção minha).

Sendo assim, a fé é o “elemento” que me baseia naquilo que não sei... é um suporte ao meu conhecimento, pq nas vezes em que não sei argumentativamente, a fé me se torna um fundamento onde pavimento minhas suposições.

Por fim, a fé deve ter a palavra de Deus como base; só posso chamar de fé, o acreditar que é baseado numa palavra de Deus acerca de mim, e q por posse dessa palavra, através da fé, posso me apropriar hoje do que está por vir; o q passa disso é pensamento positivo; qualquer crer que se baseia em argumentos pessoais e informações externas é pensamento positivo; fé é apenas quando esse crer tem uma palavra de Deus como suporte, já que a fé sob o ponto de vista religioso, só É (vem a existência) quando ouvimos, e não ouvimos qualquer coisa, mas ouvimos a palavra de Cristo, q é a única capaz de gerar em nós certeza e confiança pra vivermos hoje o que ainda não existe... por mais argumentos que tenhamos, nenhuma informação externa nos possibilita isso... só pela fé, gerada em nós pela palavra de Cristo.

A fé só move montanhas quando fala ao onipotente criador – quando me sujeito a ouvir a palavra da fé.” (BLOG Bacia das almas)




P.S. - Apesar do tamanho do texto parecer que este seja quase um "tratado" sobre a fé, não quis aqui definir o q é fé como bem disse no início do texto... meu objetivo foi fazer uma análise (sei que não tão objetiva assim), do que venha a ser fé tendo como base dois trechos das cartas de Paulo... mas isso é só o q penso hoje... e como espero estar sempre aberto pra ouvir o q Deus tem a mim, espero que esse pensamento de hoje cresça e evolua, e q o meu pensar acerca da fé, cada dia mais se achegue ao que seja o pensar de Deus sobre a mesma questão.

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24.10.08

As aparências enganam


É... as aparências enganam... só vemos o que os nossos olhos vêem, o que, diga-se de passagem, é praticamente nada. Frequentemente me surpreendo com algumas pessoas que vou conhecendo e que não dava nada por elas, isso só reforça a tese de que Deus coloca tesouros em vasos de barro para que os mesmos não se gloriem...

O próprio Jesus não era lá um Brad Pit, tanto que Isaías diz que ele não tinha nenhum formosura ou aparência agradável que atraísse o olhar das pessoas... se fosse pela beleza ele não “venceria”. Ele também não tinha aparência de sábio, crentão ou mestre... ele era um com todos, comum como os outros, tanto que Judas teve que beijá-lo para que os soldados o identificassem. Além disso, ele era de origem pobre... seu nascimento se deu a partir de uma história controversa – sua mãe ainda virgem é inseminada pelo Espírito Santo e tem uma gravidez divina, o que deixa seu pai com a pulga atrás da orelha pensando em deixá-la mas é impedido por um anjo – seu nascimento foi marcado por um período de matança, fruto do medo de Herodes por um tal “Rei dos Judeus” que havia nascido em Belém; com isso foge pro Egito e recebe seus primeiros ensinamentos numa terra estranha, onde não tinham nada (deviam ter deixado casa e bens em Belém); seu pai, um carpinteiro, marcava a origem pobre do Messias... em alguns livros, Jesus é menosprezado por ser filho de carpinteiro, ainda mais de José, o que mostra que seu pai num devia ser o mais talentoso ou de maior credibilidade na época. Enfim, além dos atributos físicos, Jesus tinha questões de história familiar e finanças que também iam contra ele, tornando sua aparência ainda menos destacável no meio da massa.

Paulo, um dos grandes apóstolos, segundo os historiadores, era manco de uma perna, tinha problemas de vista e era calvo, tinha aproximadamente 1,50 metros de altura. Há indícios de que Paulo tinha problemas de saúde, padecendo de uma doença crônica e dolorosa, da qual ignoramos a natureza, mas que lhe terá sido um obstáculo à sua atividade normal. Por volta dos anos 58–60 ele descrevia-se a si próprio como um velho.

Davi quando foi ungido pelo profeta Samuel, num tinha a mínima aparência de rei, tanto que foi praticamente esquecido por seu pai, que fez questão de apresentar todos os outros belos e guerreiros filhos ao profeta antes de ver todas as outras opções esgotadas.

Enfim, a lista de aparência X realidade seria infinita...

Você pode estar se perguntando aonde quero chegar com isso...

É o seguinte: esses dias conheci um cara, um jovem, que já conhecia de vista mas que pelas companhias que o rodeavam era visto como mais um no meio da massa... mais um componente da massa de manobra... mas batendo um papo mais de perto, vi que o cara tem conteúdo... tem boas idéias, tem uma cabeça legal, é questionador... isso me fez pensar no quanto perdemos a oportunidade de crescer nos relacionamentos pelo nosso Pré-julgamento dos outros... nossa tentativa “cartomantiana” de julgar todos os livros pela capa, nos impede de conhecer os livros-pessoas e nos deleitarmos nas profundezas que cada um tem dentro de si.

Jesus, como o exemplo a ser seguido e plena representação do Deus-homem que é homem-Deus, se relacionava com todos... na verdade sua especialidade era achar pérolas em vasos de barro, relacionando-se mais com os que estavam a margem da sociedade (e eram demonizados pela mesma) do que com os líderes religiosos que tinham a reputação de homens de Deus. Ele estava junto dos ladrões, prostitutas, pecadores, miseráveis, pobres, doentes... sua vida foi marcada pelo serviço e relacionamento com os outros necessitados. Ele não se privava de conhecer os outros, já que entendia que todo encontro pode ser uma oportunidade de encontrar no outro a si mesmo, e provocar no outro o encontro consigo. Seu convite nunca foi uma proposta religiosa ou filosófica, mas um convite ao relacionamento... à caminhada da vida, ao partir do pão, ao “lava pés” dos que os sujam enquanto prosseguem. Seus ensinamentos eram baseados na troca relacional entre os homens e no amor como tempero promotor de relações de crescimento mútuo. Apesar de ser o “Rei dos judeus”, foi morto como um criminoso e com 2 ladrões dividiu seus últimos instantes... e mesmo nesses momentos de dor, não se privou de relacionar-se com estes indivíduos, que aparentemente eram inferiores a ele.

Meu convite é pra que sujemos os pés...troquemos abraços... palavras... carinho... que também troquemos farpas... que sejamos quem somos, mas esse Eu q eu sou, não me desvincule dos outros, porque apesar de eu ser um “eu único”, sou um “eu outro”, na medida que sou no outro e ele o é em mim quando nos relacionamentos e trocamos mais do que palavras e sentimentos, energias de vida. Que o medo de se machucar não nos prive de ser feliz e de achar nos outros a extensão do que nós somos... que a nossa arrogância não nos livre de aprender com os outros, mesmo os mais simples em entendimento e aparência, mas que podem guardar tesouros inimagináveis. Que as aparências que nos enganam num primeiro momento, não nos levem a escolher os “formosos e agradáveis”, porque não encontraremos Jesus entre os destaques da beleza.

E mais, se formos levados a escolher entre relacionar-se com alguém que parece ser bom e alguém q não parece nada, escolhamos o sem aparência, porque os que parecem ser, geralmente usam seu tempo e esforço pra parecer e não pra ser, já os outros, apesar de não parecer, investem o tempo disponível sendo quem são... e num mundo de padronização e estereótipos, ser quem se é, é uma dádiva a ser buscada.

 

“Seja você, mesmo que seja estranho... Seja você mesmo que seja bizarro (Pitty)...

As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões
Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
No insistente perfume de alguma coisa chamada amor

(Elis Regina)


P.S. - Jonathan, tem sido um grande prazer nosso contato... uma surpresa agradável ver você emergir do meio da massa pra ser mais um que faz a diferença. Mantenha-se firme sendo quem você é: essa metamorfose ambulante... um camaleão, q cada hora parecendo ser uma coisa diferente aos olhos dos outros, em essência é sempre a mesma coisa: um ser que é-mudando e muda-sendo.

Grande abraço!

4.7.08

Jesus, um convite à encarnação de Deus




“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e Era Deus.”
S.João




Em círculos cristãos liberais e entre seculares é moda a discussão da divindade de Cristo. Seria ele mesmo a Encarnação de Deus? Ou, seguindo a Doutrina da Trindade, seria ele 100% homem e ao mesmo tempo 100% Deus, desafiando as leis da matemática?

A mim, particularmente, essas questões nunca intrigaram por serem discussões meramente teológicas. Em contrapartida, sempre enxerguei em Jesus algo de tão prático, tão real que extrapola as definições e tratados de fé.

Mas também, se me perguntassem para explicar melhor meus pensamentos, diria apenas que vejo Deus nas “pegadas” de Jesus. Não só em sua morte, mas principalmente em sua vida. Não só na cruz, mas principalmente em sua humanidade. Não só na ressurreição, mas principalmente em seus ensinamentos. E isso vai exatamente na contra-mão do “Cristianismo Moderno” ou Evangelicalismo que me ensinou a ter profunda reverência pela morte na cruz como sacrifício último, pelo sangue derramado e aspergido na cruz como expiação pelos meus pecados e pela ressurreição dentre os mortos que me trouxe redenção.

Miserável sou que condenei um inocente à morte dura e cruel. Mas Ele, pelo seu infinito amor, deu-me a oportunidade de sair dessa condição de pecado e adentrar os portais da eternidade em glória. Como? Aceitando-o, confessando-o como Salvador e Único Senhor, adorando-o, servindo-o, bajulando-o, curvando-me ante sua soberania, resignando-me a minha condição de pecador vil. Mea culpa, mea maxima culpa.

Mas se somos feitos à imagem e semelhança de Deus, por que carregamos todo esse peso de morte quando Ele mesmo fez-nos um convite à liberdade e plenitude da vida? Tem de haver algo de muito errado com essa doutrina ou então comigo.

Voltemos à figura de Jesus. Nascido homem, viveu como homem e morreu como homem. E ainda assim eu acredito piamente em Cristo como Encarnação de Deus. Não reivindico sua divindade através do nascimento virginal, ou da resignação ao destino que o aguardava, ou na sua miraculosa ressurreição. Ainda assim, creio integralmente que Jesus foi 100% homem e 100% Deus. Tudo bem, matemática nunca foi meu forte mesmo.

Jesus encarnou Deus através de seus atos, de seus ensinamentos, de sua vida prática. Ele foi além da religiosidade de seu povo e sua época, ousou desafiar os doutores da lei porque sabia que o que nos salva não são palavras ou rituais, mas a consciência de nossa humanidade, de nossa finitude, de nossos pecados e virtudes, a consciência de nós mesmos.

Numa sociedade onde só ao divino era permitido o dom do perdão, ele ousou perdoar; quando só a Deus cabia a benevolência, ele se permitiu comer, andar e conversar com pecadores, doentes, mulheres, samaritanos e excluídos em geral; onde havia respeito e temor às observâncias da lei e às práticas vazias da religião, Jesus furtou-se ao deleite da hipocrisia.

Ele encarnou Deus, porque foi um homem capaz de olhar sua própria humanidade; Ele encarnou Deus, porque ao se ver como homem viu também seu próximo; Ele encarnou Deus, porque ao se reconhecer no outro, amou-o como a si mesmo; Ele encarnou Deus porque foi livre para amar; Ele encarnou Deus porque morreu como homem que viveu em liberdade; Ele encarnou Deus, porque mostrou-nos a diferença entre sermos à imagem e semelhança de Deus e de termos um Deus à nossa imagem e semelhança.

E como Deus, fez-nos um convite à também sermos encarnação do Divino, pois o Reino de Deus está em nós.

Texto escrito pela Edi - amiga da comunidade "Jesus e meus 20 e poucos anos"

10.6.08

Onde Deus está?

Em todos os tempos, vemos pessoas, tribos ou povos, que monopolizam o divino e dizem ter exclusividade na manipulação e controle das verdades religiosas e do contato com os seres transcendentes ou com os seus deuses. Sempre houve uma facção, que intermediava o contato “homens-Deus”. Eles eram os sacerdotes, gurus, pajés, sábios... Mas segundo a bíblia, Jesus marcou o rompimento de tal classe... a extinção da necessidade de mediadores, uma vez que a partir da Cruz todos teriam acesso livre e direto a Deus, porém o que vemos é que essa tal “classe privilegiada” continua em ação... aliás, mais ativa do que nunca!

Principalmente nas regiões ocidentais (catolicismo, protestantismo, judaísmo e etc), vemos que os membros de tais religiões se sentem como criaturas especiais ante o resto (no sentido mais pejorativo possível) do mundo. Daí seu discurso exclusivista de que são raça eleita, povo santo, nação escolhida, em detrimento dos outros, que são ímpios, pecadores, dignos de pena e misericórdia. Não que os outros não sejam pecadores, mas o pensamento de que eles não o são, e que estão acima de qualquer suspeita ou falha é o que gera as maiores megalomanias da histórica.

Com esse discurso elitista é que se conseguiu manipular massas no sentido de exterminar os inimigos da fé, como vemos nas cruzadas e diversas guerras santas existentes até hoje. Com isso conseguiu-se manter controlado o povo (pela igreja), em tempos que o sistema de governo se via ameaçado. Com esse discurso, os poderosos conseguiram apaziguar a luta pela mobilidade social no século XV, usando o discurso calvinista como forma de explicar teologicamente, a supremacia dos ricos sobre os pobres. Com isso vemos até hoje o estupro cultural realizado por “missionários” que no discurso de estarem levando a verdade do evangelho, deturpam e destroem culturas de índios e povos orientais.

Enfim, os desdobramentos sociais, culturais e históricos provenientes da concentração do divino nas mãos de poucos são inúmeros, mas e hoje, será que isso ainda acontece?

Hoje o que se vê é que esse controle do transcendente, na cultura ocidental, é dito como em poder das religiões cristãs (que são as predominantes no mundo ocidental) através das igrejas e templos. Por isso, apesar de Cristo (o líder máximo cristão) ser inclusivista, abrindo os portais do reino dos céus a todos quantos queiram encontrá-lo, as igrejas fecham essas portas àqueles que se tornam membros da sua irmandade, declarando que estes, e apenas estes, têm contato com o divino e podem acessá-lo, e mais, que apenas esses têm algo de Deus em si. Desse modo, tudo que está dentro dos currais evangélicos é vergonhosamente santificado pela unção da picaretagem gospel, e tudo o que está fora, é maldito pela “lei universal da exclusividade evangélica sobre os direitos de Deus”.

Mas quando se olha pra vida, pros atos, pra forma como se vivem e pra vida que se forma, vê-se pouco de Deus e de seus valores neles. Sendo assim, aqueles que buscam algum contato com o divino, ao ver que nas igrejas e templos ditos “donos e intermediários de Deus” Ele não é encontrado, se vêem sem referencial e se perguntam: ONDE DEUS ESTÁ?

Alguns acham que ele não existe, uma vez que a vida dos que se dizem seus servos, expressam o exatamente oposto ao que logicamente seria esperada a quem, através do contato com Deus, consegue ter harmonia com o próximo (representação terrena de Deus). Alguns confundem Deus com a imagem que seus servos vendem dele, e com isso, preferem não ter contato com esse Deus elitista, malévolo, preconceituoso e implacável que se vê representado pelos seus servos. Outros cedem às pressões evangélicas e decidem entrar para a irmandade a despeito das concessões e deformações que tenham que sofrer para adequar-se aos padrões estabelecidos. E os outros? Os que não cedem a essas pressões, mas também não deixam de acreditar na existência de Deus, e que sabem q esse ser superior, divino e transcendente não é o que seus ditos servos dizem que ele é (com palavras e principalmente com atos)? O que esses fazem?

Esses têm como alternativa buscar, procurar, “escavar” os fósseis religiosos tentando encontrar um Deus que faça sentido a quem é minimamente pensante e que enxerga em Deus, um ser voltado a estabelecer harmonia entre os seres que Ele mesmo criou. Mas será que eles têm encontrado algo?

Em casos extremamente raros, eles têm encontrado Deus nas religiões sim... não se pode extinguir por completo a possibilidade de ver Deus mesmo que em parte através da religião... mas creio que se pode ver mais de Deus fora das religiões... nas manifestações históricas e culturais... nas artes, na natureza, na vida. Vejo diversas músicas e poesias onde posso ver Deus impregnado em quem nem se sabe d’Ele...

Você pode estar se perguntando: aonde ele quer chegar? Até agora só falou o óbvio... mas saiba que meu objetivo num é revelar nada novo, nem ser um tipo de profeta da atualidade... esse texto é um clamor para que os que se dizem de Deus ou o buscam mesmo que não se sintam d’Ele ou não saibam que o buscam, abram suas mentes para encontrá-lo em tantos lugares quantos forem possíveis... que retirem os filtros que lhes impedem de enxergar Deus em tudo o que há, afinal d’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas... ele é a origem (alfa) e o fim (ômega) de tudo o q há, desde a criação do mundo à criação das artes, culturas, expressões, da vida! Nele estão a gênese e o apocalipse de tudo. Tudo que é, é N’Ele.

Clamo pela metanóia (renovação de mente) descrita por Paulo... clamo pela não conformação (tomar a mesma forma) com o mundo, inclusive o mundo religioso, apelando pra abertura dos portões dos céus a todos quantos desejam passar por eles... clamo pela retirada do poder de “atestado divino” da mão das religiões e pela criação de um atestado individual marcado pela consciência de cada indivíduo que for capaz e maduro o suficiente para diagnosticar o que é de bem e o que é do mal. Clamo pela “libertação de Deus” por parte de “seu povo”.

Pode ser apenas mais um clamor solitário e sem sentido, mas pensando na minha atual situação existencial, só há uma opção possível:


Andar com Fé
Composição: Gilberto Gil
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...(4x)

Que a fé tá na mulher
A fé tá na cobra coral
Oh! Oh!
Num pedaço de pão...

A fé tá na maré
Na lâmina de um punhal
Oh! Oh!
Na luz, na escuridão...

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olêlê!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olálá!...

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Oh Minina!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...

A fé tá na manhã
A fé tá no anoitecer
Oh! Oh!
No calor do verão...

A fé tá viva e sã
A fé também tá prá morrer
Oh! Oh!
Triste na solidão...

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Oh Minina!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olálá!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...

Certo ou errado até
A fé vai onde quer que eu vá
Oh! Oh!
A pé ou de avião...

Mesmo a quem não tem fé
A fé costuma acompanhar
Oh! Oh!
Pelo sim, pelo não...

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olêlê!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olálá!...

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...

Olêlê, vamos lá!

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...(4x)

5.4.08

É triste mas é a verdade


Onde está a justiça dos homens???... está aí, pra benefícios dos tais "homens" (poderosos, ricos e influentes).. a justiça dos homens é a justiça própria!... e todo o sitema do mundo caminha por esse princípio.

Quando se fala que o mundo jaz no malígno se fala não da geografia, mas do sistema mundano, que na contra-mão da proposta do evangelho, é comida e bebida (satisfação própria), justiça própria, alegria e paz pra si, tendo como fonte suas conquistas, ganhos, acúmulos... sim, pq justiça e alegria se tornaram coisas subjetivas... pq justiça pra mim é aquela q me beneficia, e alegria é aquela q gira em torno de mim e é fruto das conquistas q tenho... por isso é impensável chorar com os que choram ou sorrir com os q riem...

Esses dias estava conversando com um amigo da igreja e ele me falou algo q eu achei interessante sobre o modo como vemos os demais... hoje passamos a ver o próximo como "o outro" e não como "o próximo"... o próximo a receber amor, justiça... o próximo da "fila" e q por isso deve receber de nós um pouco do q temos... sabe quando vc tá numa aula ou palestra e te dão 10 folhas pra vc ir repassando pros outros?... então, atualmente ao invés de repassarmos as folhas para o próximo q passará ao seu proximo e assim por diante, seguramos as 10 folhas conosco, mesmo q elas sejam desnecessárias... mas como deram na nossa mão, os outros é q se danem e corram atrás da sua própria folha...

Ouvi o caso de uma pessoa q após pagar mais de 50% de uma casa, perdeu a casa e o dinheiro investido pq teve uma má fase e não conseguiu pagar algumas parcelas... ela é apenas mais uma vítima do sistema... q sabemos q é extremamente difícil de mudar (senão impossível) no q diz respeito as esferas políticas e corporativas... os bancos querem mais é ter pessoas como ela q paguem mais de 50% e depois percam tudo... é daí q vem seus ganhos, suas "alegrias".

Mas quero tratar o outro lado da moeda... o NOSSO lado...

Embora reconheça a sujeira dos bancos e todos q se beneficiam de um caso como esse, e nós, onde ficamos nessa história? somos apenas espectadores e no máximo Consoladores? Não, podemos (e devemos!) ter um papel central nisso!

Se por um lado os bancos se beneficiaram dessa má fase da mulher, onde nós estávamos... os irmãos, os próximos, q não pudemos ajudar ao "fraco e caído" quando precisava... será q num tinham alguns irmãos (crentes ou não) q pudessem ajudar a essa moça com os 50,00 q gastamos numa saída com os amigos... ou até mesmo os 10,00 q gastamos com o flanelinha... aonde estava (está) o sal e luz? aonde estão os representantes da "irmandade" proposta por cristo? aonde estava a igreja (pessoas)? e aonde estava a igreja (instituição) q recebe nossos dízimos e ofertas para ajudar esses necessitados?

Eu acho q o foco da nossa indignação deve estar no sistema que influencia essa atitude de bancos e etc? sim... mas principalmente no sistema q nos impede de abrir a mão e ajudar ao necessitado... q nos impede de ir visitar os doentes pq "precisamos" ver o novo filme no cinema... q nos desfoca do outro e põe nosso foco no vestido da festa do fds... E aqui não estou propondo uma volta ao ambiente da igreja primitiva como muitos dizem, pq acho isso impraticável e utópico no atual paradigma social... somos individualistas mesmo... vemos nosso próprio umbigo mesmo... e num acredito na inexistência total disso... estou apelando por um pouco mais de sensibilidade (principalmente em mim mesmo!)... pelo equilíbrio entre a satisfação de nossas necessidades e desejos e as necessidades e desejos do próximo... pelo resgate dessa visão do outro como próximo, como um "eu-outro", uma extensão de mim mesmo...

Mais triste do q ver a perda da casa e do investimento feita pela mulher é ver a qualidade das pessoas q temos na nossa atual sociedade e principalmente nas igrejas...

E eu estou realmente de saco cheio de igrejas q só servem pro indivíduo... só servem pra dar casa, carro, dinheiro ou mesmo bençãos espirituais pro eu... q não transformam as bençãos recebidas em "pão e peixe" a ser multiplicado por Jesus... q não produzem nada pra sociedade... igreja sem papel social é o pior hospício de todos... só dá megalomaníacos, esquizofrênicos e desequilibrados.

Estou cansado dos cultos, congressos e festas onde cantamos, levantamos as mãos, choramos e somos "abençoados" e "cheios do espírito" mas nunca compartilhamos as bençãos com o próximo e nunca nos esvaziamos do que recebemos para dar aos q não tem... estou realmente farto disso... quando chego nas igrejas (templos) em geral, sinto um misto de alegria, por ver irmãos e amigos, e um pouco de tristeza por ver q nossas reuniões e ajuntamentos não se reproduzem no serviço ao próximo... é triste ver q toda a relevância da igreja se perdeu e nos tornamos mais um grupinho qualquer... um grupinho de "escoteiros celestiais"... e acho q ja passei dessa fase de "escoteirice"... agora é a hora de enfrentar o mundo real... as realidades da vida... e essa realidade inclui amar e ser amado, ajudar e ser ajudado (uma vez q estamos em cima uma hora e em baixo outra hora), ser solidário pra estender a mão e humilde para abraçar a mão estendida quando necessitamos... enfim, são diversas aplicações q se resumem no amor a Deus e ao próximo e serviço.

Estou cansado de só ser sal e luz no meio do saleiro e dos "iluminados"... estou cansado de estar na igreja sem ser igreja...

Estou cansado de ser um ser dissociado de outros... um ser individual e individualista... q não é irmão nem próximo de ninguém... q se não se complementa no outro... estou cansado de ser apenas eu...

Quero a cada dia mais deixar de ser eu para ser próximo, irmão e amigo de alguém... quer ser um com alguém... quero formar um "nós"... quero me unir a alguma voz... quero ser parte de algo q lute por algo maior do q o q se é... quero ser eu sendo parte do reino... quero ser eu sendo quem sou em Deus... esse é o meu projeto de vida agora... essa é a minha ambição... uma ambição a ser perseguida incansavelmente... uma missão q leva a vida toda para tentar ser alcançada... uma missão q transcenda a mim e me eleve a Deus... uma missão cheia de sal e luz.

5.3.07

O q é o mal?

O mal pra mim, antes de mais nada é uma percepção, afinal o q pra mim pode ser mal, pra vc pode não ser ... e o que hoje vejo como mal, amanhã posso passar a ver como bem...

Agora se pensamos no mal como uma força, personificada no diabo, as coisas começam a ficar mais complexas... seja porque o diabo e o mal, são considerados pela maioria como força antagônica a Deus-bem e de igual poder, sendo q Deus spo ganha por uma questão filosófica, romântica e moral de que o bem-Deus, sempre vence o mal-diabo... e não é assim que creio... Creio que Deus sendo absoluto e todo o resto relativo, não há força, nem antagônica e nem semelhante como Ele... de modo que mesmo o mal-diabo, serve aos seus desígnios... por isso, Paulo enxergando essas conexões declara q tudo ocorre para o bem... ele não diz q o acúmulo de coisas boas e "bens" só gera bem, pq isso seria óbvio... ele diz q TUDO, tanto os "bens" quanto os "males", gera bem no final.

"Deus deseja prevenir o mal, mas não é capaz? Então não é onipotente. É capaz, mas não deseja? Então é malevolente. É capaz e deseja? Então por que o mal existe? Não é capaz e nem deseja? Então por que lhe chamamos Deus?" Epicuro Epicuro foi o fundador do estoicismo, doutrina q afirma q o bem supremo é o prazer (e nao Deus), q é encontrado na pratica das virtudes e na cultura do espirito; sendo considerado o fundador do hedonismo tb.


Quanto as questões do Epicuro, creio q Deus é capaz e deseja... então pq o mal existe?

Na minha opinião, tirando Deus que é absoluto, todos os demais, de anjos de luz a seres humanos, são relativos e ambíguos... temos em nós o bem e o mal... por isso, essas questões só transitam pq pensamos que o mal é criação de Deus e não produto da sua criação (nós).

Além disso tem toda aquela questão do mal subjetivo (o q eu vejo como mal, vc pode ver como bem) como já falei... mas se pensamos no mal como força presente no universo penso que isso é o acúmulo das vontades e atitudes maléficas dos seres... tipo assim: todos nós estamos interligados espiritualmente e metafisicamwnte falando através do mesmo ambiente metafísico... estamos mergulhados nas mesmas águas... e o q produzimos de mal isoladamente, quando acumulado torna mal o ambiente total... um exemplo clássico seria: imagina q estão 100 pessoas numa piscina... se uma delas urina na água, isso não prejudica tanto a água, mas se 50 pessoas urinam a água já fica totalmente contaminada... e o q dizer dos 100?... portanto o ambiente poluído é fruto da poluição maléfica q cada um de nós produz isoladamente.

E somado a isso, temos os seres maléficos q se aproveitam dessas produções para agirem... pegam carona nisso... lá no éden, a punição do diabo foi comer do pó da terra... ou seja, se alimentar do que nós seres humanos produzimos... portanto, é a nossa maleficência que alimenta o diabo e potencializa sua ação no mundo... e ele, alimentado, realiza o seu ministério de matar, roubar e destruir, sempre usando pessoas para fazê-lo através da sugestão para q elas façam... elas fazendo geram alimento pra ele e aí se mantem o ciclo.


E o q seria a solidariedade?

O sentimento antagônico ao egoísmo. Ser solidário é amar ao próximo... ajudar aos iguais. Mas pra sermos solidários, temos que nos reconhecermos como seres alcançados pela misericórdia de Deus, pois apenas quando nos vemos como necessitados alcançados podemos ver no outro a projeção de nós mesmos e o tratarmos com a mesma misericórdia com que somos tratados.


E se uma pessoa nao recebe mal de nenhuma outra, ela pode desenvolve-lo, como no caso de Adao e Eva?

Não quis dizer exatamente que o mal é passado pessoalmente... na verdade o que quis dizer é que o mal gerado por cada um individualmente gera uma ambiente mal... e com isso, o mal passa a ser parte do instinto. Exemplo hipotético: no início todo mundo era honesto e todos eram felizes. Mas uma pessoa, vislumbrando a satisfação pessoal, é desonesta e com isso enrique as custas dos outros. Outros vêem isso e repetem. Quando se vê, as repetições geram no inconsciente coletivo a idéia de que aquilo é benéfico, aí instaura-se esse mal, pelo conjunto de ações de algumas pessoas, como sendo o certo a ser feito. Mas isso tem que surgir desse alguém inicial. No nosso caso seriam Adão e Eva. Então se eram os primeiros humanos, daonde surgiu o pecado neles? da inclinação má que existe em cada um de nós... somos seres relativos e portantos capazes de fazer o bem e o mal... e antes que o mal se concretize no mundo físico, já foi concebido, planejado e executado no mundo interior e psicológico.


Sera q o mal so surge num contexto social?

Não... o mal como mazela social, surge da projeção do mal existencial q existe dentro de cada um de nós... da nossa relatividade e ambiguidade humana.