Caminhando na Graça

17.8.06

Aprendendo a descansar no Bom Pastor



O Senhor é o meu pastor e nada me faltará! Essa é uma das melhores convicções a ter... nada me faltará.

Davi quando fez esse salmo, falava de algo que ele conhecia muito bem, afinal ele era pastor de ovelhas e sabia o tratamento do pastor para com as ovelhas e a dependência das ovelhas em relação ao pastor. Então ele inicia o salmo com essa frase: O senhor é o meu pastor e nada ma faltará!!! E essa declaração é fruto de uma certeza tão grande de pertencimento, acolhimento e amor do pastor para com ele. E Davi começa a detalhar a sua vida de dependência do pastor.

Primeiro ele diz que o “Pastor-mor” lhe fazia deitar em pastos verdejantes e isso porque o pastor procurava os melhores pastos, os mais verdes para que nele ele pudesse deitar; o que nos mostra o cuidado de Deus em nos levar aos melhores lugares da terra, e isso não digo em relação a lugares geográficos, mas principalmente a lugares existenciais, interiores... ele nos conduz aos lugares onde podemos simplesmente nos deitar sabendo que estamos em pastos verdejantes; depois ele diz que ele o guia a águas tranqüilas, ou águas de descanso e que refrigera a sua alma, como que dizendo que em momentos de sofrimento circunstâncias, que acometem a todos (uma vez que todos sentem calor e necessitam de água para serem refrigerados), o pastor o guia, lhe indica o caminho de águas de tranqüilidade... nas circunstâncias, nos calores da vida que acometem a nossa alma, ele nos guia para um ambiente de tranqüilidade existencial... nos ensina a descansar apesar da tempestade no mar.

Depois Davi começa a falar de caminhos, veredas... ele diz que o pastor o guia em caminhos de justiça... e a justiça de Deus nem sempre (ou quase nunca) tem a ver com a justiça dos homens, a justiça do sistema que nos permeia; muitas vezes ser guiado pela justiça de Deus compete em deixar suas próprias justiças e as “justiças” impostas para viver na certeza de que Ele é o caminho de justiça sobre todas as justiças; ele o guia, aponta o caminho da justiça, e nós temos o direito de escolher se trilhamos por essas veredas ou não... sempre temos a nossa frente à opção dos caminhos... alguns que a princípio parecem bons, mas ao fim são caminhos de morte... além disso, vereda é um caminho estreito, o que requer total atenção no guia, pois qualquer pequeno desvio pode te tirar do caminho e te enveredar por outros caminhos, que não sendo Ele, são verdadeiros descaminhos; e ele diz que o pastor o guia nesse caminho de justiça por amor... e não por amor a ele (Davi), mas por amor a seu próprio nome... ele tem um nome a zelar, uma palavra a cumprir e não pode voltar atrás a ela... quando ele ama, não o faz por mérito do indivíduo ou simpatia exclusiva a uns e não a outros, mas o faz porque Ele é... e Sendo, não pode se negar.

Nesse ponto Davi começa a falar de situações e circunstâncias de perigos, onde parece que podemos ver a sombra da morte, como algo que está próximo... lugares onde temos diversos males a serem temidos... somos tentados a temer cada mal como sendo algo que em si traz a sombra, a projeção da morte... mas ele diz: Não temerei! Sendo tentado a temer ele toma uma postura de não temer... e não porque ele não tenha medo, mas ele não vai se prostrar, se entregar, reverenciar como sendo algo maior, nenhum mal que lhe sobrevenha, porque o Senhor-Pastor de todos os males está com ele, e isso basta para que ele tenha no mínimo duas certezas: Se Ele está comigo, sobreviverei a esse mal; Se ele está comigo, esse aparente mal, pode ser (e será) para aumentar a minha confiança e dependência dele, sendo assim, n’Ele, até os males vem para o bem. E ele fala que esse consolo - essa paz que habita o seu interior mesmo em momentos de ambiência de sombra de morte - advém da vara e do cajado do Bom Pastor; sendo a vara utilizada para impedir os desvios e o cajado para resgatar os desviados e colocá-los novamente na vereda a seguir; com isso Davi diz que apesar de percorrer ambientes de perigo e morte, o Pastor lhe guiava com a vara para que não houvessem desvios, mas mesmo se ele se desviasse, o cajado do Pastor lhe traria de volta ao curso a ser seguido... eu não devo sair do caminho, mas quando saio, ele - por amor a mim e ao seu nome, e isso não por méritos ou predileções, mas Graça - me traz de volta com seu cajado; e nesse caso ele como conhecedor da utilização da vara e cajado, também quer dizer que mesmo as "surras de amor" dadas, são para que retornemos ao caminho... que prossigamos para alcançar aquilo para o qual fomos alcançados.

Após falar sobre dependência e Graça, Davi fala sobre as honras advindas do pastor, que além de preparar uma mesa para ele, na presença dos seus inimigos, ainda ungia sua cabeça com óleo e lhe servia um cálice transbordante... Davi se sabia como um homem que tinham inimigos, pessoas que queriam o seu mal, mas o que ele desejava do Pastor era que, perante esses inimigos, ele fosse honrado com as honras do Senhor, porque ele sabia que mais do que o seu próprio bem, o seu inimigo queria o mal dele... e mais do que o seu próprio mal, o seu inimigo temia o bem dele, ou seja, um ser em inimizade faz do outro o centro da sua vida e coloca nele as suas expectativas de satisfação na desgraça do outro e não na sua própria graça.

Por fim, ele fala de uma certeza: bondade e misericórdia me seguirão sempre! E quando ele fala de bondade e misericórdia não fala que ele viveria uma vida onde só veria bondades e misericórdia a seu respeito... não fala que ele será seguido, procurado para ser alvo de bondade e misericórdia... Não!... e prova disto é que ele reconhece ter inimigos ao seu redor, que gozavam de ambientes comuns, de banquetes comuns, mas que eram seus “inimigos ocultos”... sobre a bondade e misericórdia lhe seguirem, Davi fala primeiro da certeza de que Deus lhe trataria assim: sempre com bondade - por mais que o bem pareça mal no primeiro instante - e misericórdia apesar de seus erros; e mais, ele fala também de sua postura para com os seus inimigos: bondade e misericórdia... após falar de inimigos ele diz que com certeza, bondade e misericórdia lhe seguiriam, como algo a ser praticado... e termina: e habitarei na casa do Senhor por longos dias... a forma de habitar a casa do Senhor é tratando o outro com bondade e misericórdia e o fazendo principalmente em relação aos inimigos, uma vez que só podemos amar ao senhor e nos relacionarmos com ele no próximo... a religião de Deus é serviço ao próximo... a forma de se religar a Deus está no próximo... a forma de habitar, não de visitar ou dar uma passada, mas habitar, morar na casa do Senhor por longos dias é : sendo alvo da bondade e misericórdia d’Ele e, transmitindo essa mesma bondade e misericórdia no outro... tratar ao outro como gostaríamos de ser tratados pelos outros e por Deus... ser perdoado na mesma medida em que perdoa... ser medido como mede os outros... e se temos consciência de quem somos e da infinita bondade e misericórdia, vindas de Deus que me seguem, mesmo que eu às vezes nem perceba, temos que tratar o outro dessa mesma forma e não por medo de ser tratado diferente por Deus, mas nos enxergando como sendo alvo dessa graça que vem de graça, sem méritos, só podemos ver o outro com os mesmos olhos com o qual nos vemos... se os teus olhos forem luz você distinguirá corretamente a si e aos outros... Mas se forem trevas, sem se enxergar, sem estar na luz que é cristo, QUÃO GRANDES TREVAS SERÃO?!!!





N’Ele.