Caminhando na Graça

29.12.06

JESUS NÃO SABIA DE NADA!!!




Estou decepcionado com Jesus!

Depois de anos de convertido, depois de ter lido a Bíblia algumas vezes, e principalmente depois de ter lido várias e várias vezes o Novo Testamento, cheguei à conclusão de que fui iludido esse tempo todo por um líder que não sabia o que estava fazendo.


Como poderia alguém que se dizia Filho de Deus não discernir as coisas espirituais e ensinar tantas coisas erradas? Como poderia ele, que se dizia o Messias, não conhecer profundamente o coração do Deus que ele disse que o enviou? Como poderia aquele que disse que enviaria o outro Consolador desconhecer as suas próprias revelações?

Jesus foi um fracasso!

Senão, vejamos alguns erros de seu ministério:

Jesus ensinou que o Reino de Deus era semelhante ao grão de mostarda, simples, pequeno, sem ambições de poder. Que cresceria não para que a árvore se gloriasse, mas para dar ninho aos pássaros, para acolher o ferido, para dar lugar ao que sofre.

Ignorante! Não sabia que “somos cabeça, e não cauda”. Na sabia que a glória da segunda casa (e da terceira, da quarta, da quinta, são tantas casas!!!) seria bem maior do que a primeira. Como ele não sabia que sofrimento não tem lugar no reino de Deus? Será que ele não sabia que quando houvesse tristezas era somente necessário “declararmos” nossa posição em Cristo, e “tomarmos posse” de nossos lugares celestiais, voando acima das tempestades? E ainda teve a coragem de dizer que, no mundo, teríamos aflições... não sabia de nada esse tal de Jesus!!!

Esse tal Jesus também ensinou aos seus discípulos, pobres rapazes que deixaram tudo para o seguirem, que eles teriam que ir pelo mundo, pregando o evangelho, ensinando a todos...

Coitado! Não sabia que para conquistarmos os territórios para Deus, em primeiro lugar temos que realizar atos proféticos. Não sabia que precisamos entrar em “batalha espiritual”, desarmando o chefe daquele território, e ungir os lugares, desfazendo assim toda maldição. A coisa era bem mais fácil de ser feita, e ele insistiu na idéia louca da pregação pura e simples do seu amor! Que coisa!!! Nada se conquista mais por amor... estamos em guerra, temos que destronar Satanás e seus demônios através de jejuns fortes, decretos (até mesmo leis humanas) desautorizando a ação do diabo e seus anjos naqueles lugares.

Jesus não sabia que havia um princípio de legalidade, onde Satanás manteria o domínio da pessoa mesmo depois dela ter se encontrado com o Nazareno.

Pobre Jesus! Ensinou que se alguém cresse nele, VERDADEIRAMENTE seria livre. Enganou as pessoas ao fazê-las crer que simplesmente a fé em seu sacrifício seria suficiente para a salvação. Ele não sabia que precisávamos de sessões de regressão e renúncia de pecados passados... achava que a cruz bastaria.

Por fim, enganou a si mesmo, quando ao ser crucificado bradou em alta voz: “Está Consumado!”

Quanto engano! Jesus não sabia que nada estava consumado, que sua obra era insuficiente. Não sabia que seriam necessárias sessões e mais sessões de libertação para as pessoas, mesmo depois de terem crido nele, e terem sido salvas. Nada estava consumado. Nada se encerrava ali. Muito menos a salvação. Não seríamos resgatados do Império das Trevas para o Seu Reino, isso era ilusão. Ficaríamos com ele sim, assim de “meia-boca”, mas ainda cativo ao diabo, poderoso onipotente, esse sim cheio de toda a autoridade e força, pois nem o sacrifício do Cordeiro de Deus foi suficiente para quebrar-lhe o poder.

Tanto que até hoje precisamos de seminários e congressos para nos ensinar aquilo que Jesus e seus discípulos não sabiam: o poder do diabo sobre os servos dele, Jesus.

Na verdade, vocês sabem, não é isso o que penso... mas é o que, infelizmente, o povo que diz seguir a Jesus, tem ensinado por aí...

Que Jesus Cristo, Deus Todo-Poderoso, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz, Maravilhoso Conselheiro, Cordeiro de Deus, Eterno Salvador, Verdadeiro Libertador, tenha misericórdia de nós...

Amém!

José Barbosa Junior


Editor do site Crer é também pensar. Artigo disponível em:
http://www.crerepensar.c om.br/index.php?option=com_content&task= view&id=132&Itemid=26

O SILÊNCIO DO TRIGO E A ZOADA DO JOIO




É impressionante como o mundo está cheio de trigo, embora seja o joio quem dê as cartas na História.

O trigo existe em abundancia, mas é discreto, sem voz alta, sem projeto de ser nada além de pão, sem ambição além do chão, sem pretensão a viver sem antes morrer.

O joio, entretanto, tem o chão, tem a imagem do trigo, mas não dá fruto e nem se torna pão. Por isto, tendo o mesmo chão, tendo a mesma imagem, mas não se tornando pão, o joio não quer morrer, ambicionando existir como clone daquele que dá fruto: o trigo.

O trigo dá fruto depois que morre. O joio não quer morrer, pois seu único fruto é sua própria existência.

O trigo é discreto, posto que o que é, é. O joio só tem sua imagem a projetar. Por isto, se mistura e se confunde entre os que são.

O trigo é forte como a fraqueza que se multiplica em vida, vida, vida... O joio é forte como aquilo que só tem a si mesmo... E mais nada além de si.

Entretanto...

Os dias são maus. Portanto, a legião de trigos tem que viver sua discrição com coragem ousada, pois Deus não deu aos s trigos espírito de covardia, mas de poder, de amor, e de moderação.

As armas dos trigos não são como as dos joios. Os joios vão na força do estelionato, das mascaras, das aparências, das imagens, do poder de controlar, e, sobretudo, da mãe de todos esses males, que é a hipocrisia. O negócio do joio é parecer e aparecer. Mas não é...

O trigo, porém, precisa combater dando muito fruto, e, para tanto, não tendo medo de morrer; pois, se não morrer, fica ele só, mas se morrer, aí sim, produz muito fruto.

Se os seres trigo da terra decidissem viver sem covardia, mas com poder, amor, e moderação — nenhum poder no planeta seria mais forte do que esse.

O Pão da Vida convida todos os trigos a se oferecerem à morte mediante a entrega e a confiança, para que produzam muito fruto, e, assim, dêem ao mundo a chance de pelo menos saber que nem tudo o que se parece com trigo, é trigo; que nem tudo o que se parece com joio, é joio; e que tudo o que é trigo, dá fruto; embora haja trigos que são genuinamente trigo, mas que não estão dando fruto.

A questão não é fazer o joio acabar (esse, segundo Jesus, será trabalho para anjos) — mas ajudar o trigo a não temer morrer; e, assim, dar muito, muito fruto.

O joio continuará tentando substituir amor por poder, bondade pessoal por instituições de ajuda, boa vontade por engajamento político, misericórdia por militância ideológica, amor ao próximo por serviço religioso, adoração a Deus por show musical, pregação da Palavra por sedução mágica, e tudo o mais que o joio se especializou a praticar como estelionato contra a verdade, o amor, e a genuína fé.

Ao trigo, porém, diz o Senhor:

“Não fostes vós que me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós outros; e vos designei para que vades, e deis fruto, e vosso fruto permaneça”.


Nele, que assim falou,


Caio


28/12/06

24.12.06

DEUS DE AMOR OFERECE HERANÇA




“Graça Ilimitada procura cooperador que ela mesma capacita, a fim de ser criativo na realização de todo o bem possível neste mundo caído!” — diz o Evangelho.

E completa:

Ou, então, enterre o talento!

Ou, então, vá dormir com as Virgens Insensatas!

Ou, então, dedique-se a usar, abusar e maltratar os servos do dono da Vinha!

Ou, então, diga: “Quando foi que te vimos com sede, com fome, ou nu, ou preso, ou estrangeiro, ou enfermo?”

Ou, então, siga enterrando os mortos!

Ou, então, compre o pacote do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes!

Ou, então, seja invejoso e amargurado como o Irmão Mais Velho do Pródigo!

Ou, então, siga apaixonado pelo Capital Limitado do dinheiro e da religião como fez o jovem rico!

Ou, então, pegue no arado e olhe para trás!

Ou, então, morra de raiva ao ver que quem trabalhou bem menos pode receber o mesmo que você!

Ou, então, diga: “Alma! Alegra-te e regala-te. Pois, tens bens para muitos anos!” Apenas para ouvi-Lo dizer: “Louco! Hoje pedirão a tua alma!”

Ou, então, digam uns aos outros: “Eis o filho! Matemo-Lo e apoderemo-nos da herança!”


Por isto, eu repito o Anuncio:

“Graça Ilimitada procura cooperador que ela mesma capacita, a fim de ser criativo na realização de todo o bem possível neste mundo caído!”

O que você decide?


Pense nisso!


Nele,



Caio

23/12/06






11.12.06

O bem estabelecido como valor no ser


Hoje no jornal vi o caso de Adriano... um analista de sistemas que vendo uma mãe com uma criança caindo num rio, pede uma moto emprestada a uns motoqueiros e eles não emprestam, mas descem pora ver o que estava contecendo, então ele pega uma moto (que foi deixada na calçada com a chave) e vai na contramão afim de salvar a mãe e a criança que estavam no rio. Chegando perto do rio, ele pula no rio e salva os dois, sendo considerado herói.

Isso por si só já seria o bastante para dizer que esse cara é um exemplo... mas segundo os jornalistas, Adriano é um cara super tímido e que quando chamado de herói, ele diz que não o é, e que fez o que qualquer um teria feito.

No mesmo jornal, vi sobre o depoimento da mãe dele, dizendo que ter um filho como ele, é melhor que ganhar na loteria, o que mostra de onde vem os valores que o cara tem. Ela disse que o filho sempre foi solidário e ajudava idosos a carregarem bolsas pesadas.

A empresa que o cara trabalha, resolveu lhe dar um aumento, que segundo eles já estava previsto para 3 meses, mas depois desse ato heróico, mereceu ser adiantado.


Onde quero Chegar?


Imagina o quanto de bem esse cara já fez na vida? Imagina ele carregando as sacolas pors velhinhos e os colegas zuando, chamando ele de otário, puxa-saco e etc... imagino o quanto ele, mesmo fazendo o bem, não colheu, imediatamente, bem sobre ele...

Paulo diz pra não nos cansarmos de fazer o bem, o que por si só, já mostra que fazer o bem, cansa... seja porque para fazer o bem, vc tem que remar contra a maré dos valores instituídos na sociedade, seja porque fazer o bem implica em se doar a outros sem esperar nada em troca, e também porque o bem que faço, nem sempre volta como bem pra mim... o mal rapidamente se espalha, mas o bem... Então se fazemos o bem esperando recompensa, com certeza nos cansaremos no percurso.

Paulo continua dizendo que fazendo o bem incansávelmente, colheríamos os frutos, no tempo devido, se não houvéssemos desfalecidos, o que mostra que eu posso fazer o bem, sempre, e mesmo assim, desfalecer sem ser alvo de bem... cansar sem ser alcançado pelo colheita da plantação de bem que eu fiz. Mas apesar disso, ele diz que colheríamos os frutos.

Mas se existe a possibilidade de eu fazer o bem a todo mundo e nunca ser alvo de bem, ou de reconhecimento dos homens porque fazê-lo?

Porque quando faço o bem, não devo ter o desejo de ser reconhecido por isso... não devo fazê-lo como uma forma de barganha com Deus... e não evo fazê-lo esperando que a pessoa alvo do bem, me veja como um santo-herói a ser sempre reconhecido... isso na maioria das vezes não acontece.

E é cansativo ver quem ontem foi alvo da tua mão estendida, não lhe estender hoje a mão... quem ontem repartiu com vc o pouco que vc tinha, não se preocupar em lhe dar sequer as migalhas... alguem que quando necessitado jurava amizade eterna, e quando numa melhor condição, te julga descartável e inútil e diz: eu não preciso mais de vc!

O que estou querendo com isso?.... Que vc não faça mais bem a ninguém?... NÃO!!!!

Quero tirar de vc, o foco de fazer o bem esperando algo, por menor que seja.

Fazer o bem, deve ser ato não de quem faz o bem esperando ser alvo do mesmo... mas sim de quem, numa situação adversa, prefere receber bem (o que não quer dizer que isso ocorrerá) no que depender de si. Eu sei que o bem que eu faço, pode não voltar a mim... mas no que depender de mim, eu farei o possível para que quando precise, seja alvo de bem. É pra essa postura ativa em relação a fazer o bem que Cristo nos chama.

Quero ter os valores do reino gerados em mim. O resto é consequência disso... frutos do Espírito (e toda árvore plantada num lugar saldável, invariavelmente dá frutos).



N'Ele.

MEU POVO PERECE POR FALTA DE ENTENDIMENTO

Certas faltas de compreensão entre os cristãos religiosos (especialmente evangélicos pentecostais ou neo-pentecostais) — são sempre de impressionar pela eterna imaturidade e estado de imbecilização mental.

Na realidade me assusta sempre ver que as pessoas se dizem crentes em Jesus, mas tanto não conhecem os evangelhos (não os lêem mesmo!), como também nada sabem acerca do significado do que Jesus veio fazer.

São pagãos de mente, mas falam em nome de Jesus o tempo todo, como mágica devota e proteção supersticiosa.

Brigam pela Bíblia, mas não a conhecem. E o que dela sabem vem da interpretação frequentemente tresloucada ou corrompida que outros fazem e apresentam.

O que Jesus disse, pouco importa. A impressão que se tem é que até Jesus ficou “reverentemente obsoleto” para eles. Ou seja: Jesus é o Pelé da fé; mas depois “dele” muita coisa mudou; e hoje os tempos são outros. Assim, por Jesus tem-se carinho e respeito na hora que o bicho pega dentro da “igreja”. Mas se tudo estiver sob controle, o que vale é o ensino do “novo mover”, do novo profeta, do apostolo da moda, ou a empolgação de um novo modelo.

Em um país de IURDS famigeradas; de franquias de cura e exorcismos; de cursos de libertação cobrados; de gente que confessa o nome de Jesus, mas que crê muito mais na “tia libertadora”; que dá dinheiro para os exploradores e ainda fica zangada quando o mal é descoberto; que não cansa jamais de apoiar o engano do falso profeta, e de se insurgir contra quem prega a Palavra — não há nada mais a dizer se não “Sejam infelizes no engano!”

Num país no qual os falsos profetas, apesar de Mateus 7: 22-24, são tratados como gente de Deus em razão de milagres e exorcismos, não há lugar para a advertência de Jesus quanto ao fato que por fora se vestem de ovelhas, mas por dentro são lobos e mercenários roubadores.

Sim! O que se pode dizer?

A esses digo: Infelizmente não é possível ser feliz no engano! Podem tentar. Podem fazer campanhas. Podem dar o dinheirinho em barganhas sem fim. Podem idolatrar seus apóstolos e bispos. Podem até viver no templo como Samuel. Mas, ainda assim, jamais serão felizes.

E por quê?

Ora, é que eles ouvem a verdade como acusação; olham o Evangelho como algo obsoleto; vêem a Graça como bobagem de gente que “não se garante com Deus”; falam de Deus com o nervosismo de quem fala do diabo; e tratam o diabo como o poder que somente a Deus se deveria atribuir. O que lhes vale é apenas o guru que lhes “libera” a palavra de libertação e lhes dá a “cobertura” de proteção espiritual, sem a qual ficam sujeitos ao diabo e às maldições — tanto as do diabo, como também, eventualmente, as do líder zangado, no caso de ser abandonado por alguma ovelha que abra os olhos.

Então, que fazer?

Sim! Que povo é esse? Que gente é essa? E o que sobrou do Evangelho neles?

Eu sou evangélico demais para ser ainda “evangélico”. Deixei de sê-lo quando ainda era “presidente da AEVB”, em 1994. Aguardei de todo o coração que meu mandato acabasse, pois, dali eu estava pulando fora (não da AEVB, que tinha muita gente boa; mas do que ela deseja representar). Ora, isso já faz dez anos; e de lá para cá minha certeza de ter feito o que deveria naquele particular, apenas se aprofundou em mim.

Evangélico é o que se deriva do Evangelho. Portanto, evangélico é aquilo que carrega o conteúdo do Evangelho, tanto como ensino, como em espírito, em modo de ser, de ver, de ouvir, de sentir, e de se manifestar.

Hoje, infelizmente, a “igreja evangélica” é católica-pré-reforma-ex-protestante; é a casa da escuridão; é o lugar dos medos; é a hospedaria da santa inquisição psicológica; é a morada dos espíritos da mentira; é o covil dos enganadores mais puníveis da terra; é a praça das falsas aparências; é o jardim dos loucos que vendem lucidez desconhecida; é o templo dos homens deuses; é a oficina na qual “Deus” é concertado pelos mecânicos da teologia ou dos novos moveres; é a guardiã das doutrinas dos homens; é a maior criadora de fantasias sobre a realidade...

É macumbogélica!

É casa mal assombrada!

Dentro dela está cheio de gente boa, e também de gente boba!

A minha dor é ver que muitos enxergam, mas, ainda assim, não querem ser curados!

Se alguém perceber que essa é uma palavra de amor doído, e se puder ver que há verdade em tudo o que aqui digo, então, se quiser, venha, pois a jornada não acaba com os “evangélicos”. Ela começa no Evangelho!

Afinal, não somos nem de homens e nem de movimentos históricos perecíveis, mas somos gente da Nova Jerusalém, da Assembléia dos primogênitos arrolados nos céus; e somos gente da Nova Aliança; e do sangue de Jesus; e da incontável hoste de anjos; e da nuvem de testemunhas; e da afinidade com o testemunho de todos os justos que amaram a Palavra para além da própria vida.

Escolha se você é evangélico ou “evangélico”. No papel a diferença são “aspas”. Mas na vida a diferença é entre vida ou morte, paz ou angustia, serenidade ou neurose, proteção ou paranóia, alegria de Deus ou pânico do inferno!

Não dá para por remendo de pano novo em vestes velhas. Não dá para tentar brincar com o vinho novo colocando-o no couro envinagrado dos odres velhos da religião do medo, do abuso e da exploração. Não dá para ser “evangélico” e ser evangélico. Essas aspas são mais largas que a Terra.

Digo isto por amor a Jesus!

É em nome Dele que falo. E sei que Nele tenho o amém em tudo o que aqui digo!


Com a certeza da paz,



Caio



Texto extraído do site: www.caiofabio.com

5.12.06

Descobrindo quem sou... e sendo N'Ele


Paulo em sua primeira carta aos coríntios, no capítulo 5, fala de um assunto extremamente importante nos dias atuais.

Paulo fala aos corintios, uma igreja que estava localizada num lugar que tinha os templos de apolo e afrodite e onde a comida era oferecida aos deuses e haviam as sacerdotisas que propunham aos habitantes de corinto, uma conexão espiritual através de orgias sagradas com elas dentro dos templos; portanto era um local onde a imoralidade existia abundantemente e mais, era tida como meio de alcançar o sagrado. Aí Paulo vem e diz que na igreja de corinto havia imoralidade pior, citando o caso do cara que mantinha relações com a sua madrasta, e Paulo diz que apesar dessa imoralidade a soberba dos corintios impedia que eles vissem essa imoralidade como tal.

Para Paulo a pessoa que chega ao estado de manter relações com a mulher do seu pai, esta num processo de diluição moral e de consciência que se não for interrompido a tempo, pode resultar na perdição dessa pessoa, por méritos dela mesmo. Porque uma pessoa em tal estado perdeu todo o senso de respeito ao próximo; o senso de família como local de convivência respeitosa e com limites; perdeu a consciência de quem é, pois sabendo quem era, saberia quem seriam os outros e os trataria de forma digna; perdeu o medo da morte, uma vez que praticava algo que por si só já levaria a morte, tanto quando ele caísse na consciência de si, quando a “amada” lhe deixasse uma vez que vivia uma sensação de dependência, se não da pessoa, mas da sensação de estar com ela, quanto quando isso chegasse ao conhecimento de seu pai (se ainda estivesse vivo), que quando soubesse, no calor do momento, poderia tomar medidas irresponsáveis na tentativa de resolver o assunto - enfim havia várias possibilidades de terminar em morte. Além de todo esse processo destrutivo interior vivido pela pessoas, o pior é que tudo isso estava sendo vivenciado sob a cobertura da igreja e revestida de cinismo e sacralidade.

Aí Paulo acusa a igreja de estar tão impregnada de soberba e protecionismo quanto aos seus membros, que não tinha nesse ato, uma medida que lhes impulsionasse a tratar o irmão da forma como deveria ser tratado; e ele diz que mesmo estando ausente, já havia julgado esse irmão, o entregando a satanás para a destruição do corpo, para que o espírito fosse salvo no dia do Senhor.

Nesse ponto, Paulo fala sobre a atuação do pecado no ser humano. Segundo Paulo, o pecado atinge inicialmente o corpo (a carne), que tem no pecado, a satisfação de seus desejos. Depois atinge a consciência, fazendo com que tal pecado, além de satisfação de desejos carnais, seja fruto da consciência, sendo friamente premeditado e calculado para acontecer. Depois ele atinge o inconsciente, fazendo com que o que antes a consciência, em momentos de surtos racionais, reprovava, passe a ser normal, ocorrendo assim, uma total inversão de valores. Por último, o pecado atinge a alma e o espírito, passando o a ser parte integrante da pessoa e não um corpo estranho a ser remido, uma vez que não há nada a ser retirado, causando a separação entre o ser e Deus, por escolha racional do mesmo. É nesse ponto que se perde a salvação; quando se acha que não há nada a ser salvo, nada a ser retirado, quando tudo, por pior que seja, passa a ser normal; quando ao receber a proposta redentora, ao se enxergar, tem-se a pretensão de que não há nada errado, não que não exista nada de errado, mas porque o que antes era errado, agora é parte de mim, não existindo a possibilidade de retomada de consciência, uma vez que a pessoa tem a mente cauterizada e é entregue a um estado de mente reprovável, para fazer as suas próprias vontades, como disse Paulo.

Paulo continua falando sobre o mal que a associação com pessoas neste estado causa, produzindo entre os irmãos, um fermento ruim – o ingrediente causador do caos -, que acaba por levedar toda a massa e produzir no grupo um “desandar de massa”. Paulo diz que já havia os avisado sobre essas associações; e ele diz que quando os falou sobre isso, não disse acerca dos gentios da cidade de corinto – e na cidade havia possibilidade de associação e participação de todo o tipo de ritual e união maléfica -, mas acerca daqueles que se dizendo irmãos, fossem devassos, avarentos, prostitutos, sendo tudo isso protegido pela religião e pela fraternidade evangélica da época. Portanto o problema não é ser avarento, mas se dizer são, sendo doente, o que mergulha o ser num processo de auto-engano e posteriormente de engano ao próximo, sem a menor dor na consciência. Quanto a estes, Paulo diz pra nem mesmo comer com eles; não partilhar de nenhum momento.


É nesse ponto que queria chegar.


O mais interessante é que Paulo não acusa os avarentos, mas os avarentos que não se vêem como tal, e aqui mora o erro mortal: não se enxergar como se é. E se analisarmos esse surto de ser “acima de qualquer suspeita” dificilmente acontece no meio dos avarentos, prostitutos, ladrões e pecadores; ele acontece no meio do povo que se diz de Deus, no meio da fraternidade evangélica, onde ir ao templo, já me caracteriza como um ser diferente dos demais pecadores. Esse sentimento é causado pela necessidade de aceitação no meio da fraternidade evangélica, que se apresenta como uma união de santos; não santos como pessoas santificadas em Cristo e por Ele, mas santos como seres irrepreensíveis e que não pecam por méritos próprios, e essa é a grande mentira. É o surto vivido pelo sacerdote que ora agradecendo por não ser igual ao pecador ao seu lado, ao invés de como o pecador ao lado, se reconhecer como pecador e carente da glória de Deus. Todo esse auto-engano é patrocinado por uma só coisa: o sentimento de auto-justificação. A pessoa acha que por meia das obras, do ir a igreja, do orar, cantar, pregar e tudo o mais, todos os seus pecados são expiados, fazendo o sacrifício de Jesus vão.

Nós temos a impressão de que os grandes hereges são os ímpios, desviados e descrentes que não estão na igreja, mas não sabemos que maior negação do que não aceitar a Jesus nos padrões evangélicos, é aceitando-o assim, viver de modo a buscar formas próprias de se chegar a Deus através da própria força, negando nos atos a afirmação de que Ele é o único caminho que leva a Deus. Isso é pura heresia! Isso é diabólico! Viver desse modo é negar o escândalo da Cruz, que se fosse passível de substituição por meus méritos, porque se chamaria escândalo???!!!

A verdade é que em Cristo, todo o pecado é coberto pela graça do amor, e os meus pecados são lançados em esquecimento. Esse é o escândalo da Cruz! O escândalo de que não há nada a fazer, senão crer que Ele é por mim. O escândalo de, se sabendo pecador, descansar na certeza que Ele pagou tudo por mim na Cruz. E o que me faz desacreditar disso? Será que o sofrimento d’Ele não foi bastante? Ou será que Ele não tem o poder de me redimir?... Isso é impossível! – alguns pensam – Tenho que fazer algo para ser salvo! Mas eu digo NÃO!

NÃO HÁ NADA A SER FEITO! ELE JÁ FEZ POR MIM! ELE PAGOU TUDO!

Mas isso é inconcebível! É impensável! – outros vão dizer. E eu concordo é inconcebível e impensável uma vez que não se conhece a grandeza da graça e do amor redentor de Cristo. Se não fosse tão inconcebível assim, Paulo não chamaria de escândalo.

Nós temos uma grande dificuldade de aceitar e crer na certeza de que está pago. Jesus bradou na Cruz: ESTÁ CONSUMADO!... e quanta dificuldade nos temos de acreditar nisso. Somos seletivos acreditando no que nos parece melhor, e mais fácil de entender. Mas como diz Paulo, esse é o mistério que esteve oculto e que nos foi revelado: Jesus a esperança da Glória!... é mistério oculto... revelado em Cristo através da fé; e não fé em partes... não fé que Ele era o filho de Deus e ponto... mas fé que, sendo Ele filho de Deus e sendo verbo, se fez carne, habitou entre nós, e morreu por nós, como cordeiro levado ao matadouro... como ovelha muda, levou nossos pecados sobre si.

Preciso ter apensa duas certezas: Primeiro: Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Segundo: Mas o sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado... e nós que estávamos mortos pelo pecado hoje revivemos com Cristo para que sofrendo com ele na sua morte sejamos também participantes da sua glória!

É nisso que quero descansar... na certeza de que sendo eu incapaz de me salvar, Ele o fez por mim... não que eu merecesse, mas por amor e Graça que vem de graça pra todo o que o aceitar e quiser descansar nessa certeza. Isso me liberta de toda neurose de ser... me liberta para ser em mim, o que sou n’Ele.

N’Ele.